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Mostrando postagens de julho, 2010

CANÇÃO DO MARIDO DESCONFIADO

Minha cabeça tem muitas dúvidas Grilos que atrapalham o meu pensar E temo eu não sejam só coisas da minha cabeça Sejam, sim, algo para eu me preocupar Minha cabeça tem Tereza, esposa divina E é por essa mulher que tenho imensa ternura Profundo respeito e também medo Deus que me livre perder essa criatura! Por ela meu coração bate descompassado Meu orgulho é valioso, mas por Tereza se arrasta Minha luta é diária para mantê-la por mim apaixonada Por Tereza, o muito é pouco e o tudo não basta O fato é que Tereza há alguns dias em mim despertou A desconfiança de que outro também a possua E junto com a desconfiança veio a ira, veio a raiva Ira que enlouquece e os pensamentos desvirtua Desvirtua os meus sentidos a ponto de desacreditar de tudo Desvirtua o meu amor a ponto de pensar na morte Desvirtua a minha alegria, que dá lugar ao desespero Desespero causado por uma Tereza, minha consorte Sorte minha só perceber isso agora, depois de dez anos casado Azar o meu só perceber isso agora. Tanto

O DESABAFO DE MADAME BOVARY

"Espero que não se choquem com o que eu vou dizer. Acho que vocês aí, nessa sociedade do século 21, não são tão caretas quanto aquele povinho atrasado e mal-amado da França do século 19. Foi naquele tempo que aquele idiota do Gustave Flaubert inventou de me difamar perante a sociedade da época. Ganhei fama de safada, de prostituta, de adúltera por ter traído meu marido. Isso já faz dois séculos e eu não esqueci. Entrei em contato com Leusa e pedi a ela que me cedesse um espaço nesse blog para eu contar a minha versão da história. E ela, muito compreensiva da minha situação, deixou. O negócio é o seguinte: aquele Flaubert, o autor do livro que joga o meu nome na lama, não sabia nada da minha pessoa! Pois é. Esse canalha lançou, exatamente em 1857,um romance chamado ‘Madame Bovary’, ou seja, eu! Nesse livro, ele começa com uma história água com açúcar de que eu era uma jovem sonhadora, que queria viver uma vida de glamour e blá, blá, blá... Disse que eu me apaixonei por um médico e

ALÍCIA E OS 40 MARIDOS

Era uma vez, num reino muito distante, o Palácio das Mil Maravilhas, localizado no extremo oriente do mundo. Nele, mora Alícia, a única filha do rei. Alícia tem dezoito anos. É uma moça linda e de personalidade forte. Foi criada pelo pai e por amas, já que a rainha morrera no parto. Pretendentes não faltam a Alícia, mas ela não tem paciência com eles. "São enfadonhos!"', diz ao pai, o rei Ali, que já não sabe mais o que fazer para que a filha se case e continue o seu reinado. Sempre que o pai insiste para que ela permita a algum nobre pretendente fazer-lhe a corte, Alícia se irrita. Recusa-se a conceder a corte a um rapaz do qual não se agrade. Um dia, Alícia, irritada após mais uma discussão com o pai, sela o cavalo e sai pelos bosques do reino. Há muito o rei Ali desistira de insistir que não saísse só. A princesa tem um temperamento independente. Estava Alícia passeando, quando se deparou com uma rocha enorme que, por incrível que pareça, nunca tinha visto ali. Alícia

A CALCINHA

No início dos tempos, era uma simples folhinha, que cobria as partes íntimas de Eva. Os tempos foram passando, passando e a peça tornou-se bem tradicional. Era a ditadura da tradição em nome da moral e dos bons costumes. As mulheres se preocupavam em esconder tudo, pernas, cotovelos, tornozelos, enfim, haja pano! Mas, pasmem, as calcinhas não existiam. As saias, pesadíssimas e com várias camadas de pano, garantiam um ambiente quentinho e protegido lá por baixo...sem calcinha! No entanto, essa situação propiciava às mulheres e aos homens desfrutarem mais facilmente e pragmaticamente dos prazeres do sexo, uma vez que com qualquer levantadinha em algum lugar escondidinho já dava para fazer um estrago. Foi aí que surgiu a, digamos, avó da calcinha: as calças de pano. Era um pano amarrado na cintura e nos tornozelos. Até calhou para os tempos de frio, pois mantinha a parte de baixo bem aquecida. E pensar que, muitos séculos antes, as mulheres que usassem calças eram até queimadas na fogueir

RETALHOS

Açúcar e afeto - Júlia e Carlos namoram há seis meses. Carlos adora Júlia. Mas essa adoração está sufocando-a. Muito meloso e grudento, Carlos é praticamente um diabético em matéria de amor. E Júlia não gosta de amor açucarado. Na verdade, Carlos enche o saco. Toda semana dá um bichinho de pelúcia de presente pra Júlia. Enjoada de tanto açúcar e afeto, Júlia engraçou-se por Rodrigo, da lan house, e começou a sair com ele na cara de todos que quisessem ver. Carlos tem a chave da casa de Júlia. Entrou lá com uma faca e esfaqueou todos os bichinhos de pelúcia que havia dado de presente à namorada. Magoado, nunca mais apareceu.   Compromisso? Não!!! - Amílcar estava arrependido. Não devia ter dado esperanças para Luana, uma mulher casada. Mas também não iria imaginar que ela iria querer compromisso. Se a mulher é casada e sai com outro, como é que quer compromisso? Mas Luana queria. E queria largar o marido e os filhos e ainda largar o emprego e viver só para Amílcar. Só que Amílcar tem h

OTELO, DESDEMONA E O ORKUT

Otelo chegou furioso em casa: - Eu não aguento mais, Desdemona! Você tem que acabar com isso! - Tá falando de quê, homem!? - Do seu Orkut! - Mas o que é que tem meu Orkut? - Todo dia você tem mais amigos. Eu vi hoje e você tem 126. Ontem eram 70. Quem são esses amigos todos? Eu não vejo você conversar com ninguém! - Olha, você não vai começar com seus ataques de ciúmes, vai? - Eu já estou cheio desse Orkut! Porque você não apaga tudo? - Otelo, meu amor, eu já lhe expliquei! A maioria dessas pessoas eu nem sei quem são. O Orkut é assim mesmo. Você vai conhecendo as pessoas, as comunidades a que elas pertencem... - Sei não! - Sei não o quê? Vai dizer que você está desconfiado de mim de novo!? - Estou mesmo! Você conhecendo muita gente assim! E aquele cretino do Cássio? Apareceu no seu Orkut? - Tá louco, homem? Depois daquele escândalo que você fez, ele não quer ver a gente nem pintado de ouro! - Claro! Você foi dar o lenço que eu te dei pra aquele safado! - Eu já te disse