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Mostrando postagens de julho, 2011

Final feliz

Naquele fatídico dia Estava eu lá naquele salão Esperando a juíza chamar Pra assinar a separação Eu estava em frangalhos Juntando os pedacinhos E Margarida, minha esposa Só faltava dar pulinhos A gente era casado Já fazia uns dez anos Eu acha que tudo ia bem Mas vi que era um engano De repente Margarida Começou a mudar Mudou tanto que um dia Disse: "quero me separar" Chorei, implorei e até esperneei Mas não teve jeito o apelo Margarida estava convicta E eu, com dor de cotovelo Perguntei onde eu errei Ela nada me confirmou Só disse com todas as letras Que o amor se modificou E a única saída que tive Foi concordar com a beldade Queria pelo menos preservar Uma bonita amizade E lá estava eu no salão Do fórum a esperar Prestes a ver a minha vida De cabeça pra baixo virar Enfim a atendente gritou O número cinquenta e três Me deu um nervoso danado Era chegada a nossa vez Lá diante da juíza Fiquei com frio na barriga A magistra

Guilhermina, a feia

Nunca fui de negar fogo Até sou muito agitado Mas com mulher feia não dá O negócio fica travado O nome dela é Guilhermina Conheci num aniversário Um amigo me apresentou Quero matar esse salafrário Fez a maior festa para a coitada E colou em mim, a danada Ela até tem um papo legal Mas a embalagem não ajuda Ao invés de aproximar Faz a gente se arrepiar Na boca faltam os dentes da frente Quase ela não tem pescoço A cara enruga quando ri muito Mas como não sou um cara grosso Fingi que é a Gisele Bündchen Que estava ali no meu encalço E a dose de uísque ajuda A enfrentar esse percalço A conversa até tava boa Guilhermina de tudo falava Política, futebol e rock Qualquer assunto ela traçava Guilhermina falou até Da Seleção Brasileira Disse que jogador assim Parece resto de feira Ao invés de fotografar Devia se preocupar Em chutar a bola pro gol E nele acertar E a conversa foi se alongando Guilhermina danada falando Tenho que admitir Que do papo estava gostando A festa ia a altas horas

Ódio à poesia

 Eu sempre fui um bom aluno Na escola era muito aplicado Só tirava nota boa Nunca ficava pendurado Achava química um dez Gostava de matemática Mas era em poesia Que eu era um mata-mata No entanto hoje eu digo Que corro longe de poesia Tudo que remeta a versos Eu odeio, me dá asia Essa mudança brusca Tem uma explicação Aconteceu depois de adulto Por causa de uma traição A mulher que eu escolhi Para ser a minha esposa Me traiu com o jardineiro E do meu jardim levou a rosa Eu amava Fernando Pessoa Adorava o poema felicidade Mas depois da trágica traição Para esperança não tenho mais idade Nem mesmo o Menino Jesus Doce poema que a todos seduz Pode me tirar dessa opacidade Me encantava com Castro Alves No seu Navio Negreiro a navegar Mas depois da infame punhalada Decidi as águas não mais admirar Bebia os versos de Drummond Como se bebe o melhor dos vinhos Mas e agora, José? Pergunto Amargo cá eu aqui sozinho Porque essa infame esposa botou

Aniversário inesquecível

O dia hoje amanheceu diferente Nem parece que estou preocupado Em trabalhar, dar expediente Mas no aniversário nada é complicado Às cinco da manhã eu despertei Dormia tranquila Tereza, minha senhora Levantei-me em silêncio porque sei Que é horrível acordar antes da hora Café preto, pão com manteiga Iogurte de morango e banana Forrei a barriga para mais um dia Embora a vontade fosse voltar pra cama Completo agora 50 anos E cantarolando saí pela cidade O pessoal já me esperava no escritório Para me cumprimentar pela nova idade E o dia foi de felicitações Parabéns e votos de saúde e paz Mas passou a manhã e não recebi O telefonema de quem eu queria mais Será, Tereza, esposa e companheira Que esqueceste o que representa Essa gloriosa quinta-feira? Não aguento sofrer Prefiro imaginar Que uma alegria à tarde Ela vai me proporcionar Na hora do almoço, nem sinal Mas esperei dar duas horas Porque sempre preparam uma coisa boa Quando é muita a demora

Carta para Padre Cícero

Meu padim, Padre Cícero Este aqui que lhe escreve É um fiel e nobre devoto Que numa súplica lhe pede Revelar o que acontece Com a máxima urgência Porque o caso é sério Já estou pedindo clemência Sou um homem bem direito Tenho uma vida honesta Mas acho que o destino Está me pregando uma peça Fico até meio sem jeito Tenho vergonha de dizer O que está na minha cabeça Queria saber se tem como Por mais estranho que pareça O senhor adivinhar Sem que eu precise contar É que a história é tão séria Tão vergonhosa que me agonia Por isso aproveitei E vim com a romaria Apelar para o senhor Me tirar dessa fria Mas como o senhor deve ser Um santo muito ocupado Vou dar uma pista Do que me deixa preocupado O assunto é com minha mulher Dela estou desconfiado Não que isso me incomode Porque eu sou homem de fé Mas quando o povo fala Tá pra ser ou mesmo é Eu eu não quero ser chamado De corno manso ou mané Pra falar a verdade Eu acho que isso é intriga