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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Carta para Papai Noel

Querido Papai Noel, quando eu me entendi de gente, acho que com uns cinco anos, botaram na minha cabeça que você existia. Também, pudera. Mamãe e papai sempre botavam presentinhos aos pés da minha cama depois de me convencer a botar as meias na janela. Eu nunca entendi direito porque tinha que colocar as meias, já que os presentes nunca cabiam nelas. E como é que você conseguia deixar os presentes aos pés da minha cama se eu dormia de janelas trancadas? Bom, mas deixei isso pra lá. O fato é que com cinco anos em diante eu passei a ter uma relação mais próxima com você. Não precisava do incentivo dos meus pais para deixar as meias e eu mesmo fazia isso. Já sabia escrever e então eu passei a escrever cartas para você, com os meus pedidos. Muitos impossíveis, hoje eu sei, mas outros perfeitamente realizáveis, tanto é que você atendia: bicicleta, patins, skate, video game, enfim, esses eram presentes fáceis. Mas aqueles outros que eu pedia para acabar com a fome daquelas criancinhas que me

A secretária e o chefão

Mentira tem perna curta Diz o dito popular E quem gosta de mentir Procurando disfarçar O que todos já sabem É duro de aguentar Assim é a vida de João Mentiroso de carteirinha É dono de um escritório E a secretária, uma fulaninha Amante dele há uns três anos Perigosa e bonitinha A dita cuja entrou lá Só como estagiária Logo puxou o tapete Da antiga secretária Que acabou demitida Por causa da salafrária A fulana é novinha Uns vinte cinco aninhos Mas João chefão já é rodado Parece um bom velhinho Cabelo branco e barrigão E na conta, um dinheirinho O povo do escritório Vive à boca miúda Rindo do jeito que João Baba pela manteúda O comentário é grande E a má fama, graúda Eles inventam tanta história Para o caso disfarçar Mas quanto mais inventam Mais estão a declarar Que vivem no maior e melhor Tico-tico no fubá A secretária fulaninha Vive fazendo serão Ao contrário da antiga Que hora-extra fazia não E os colegas do escritório Só de olho

Certezas

Existem palavras que só funcionam a partir de outras. Se as outras não existissem, essas palavras seriam só palavras. Um amontoado de sílabas fazendo algum sentido apenas a partir do som. Mas não. As palavras não se bastam. E não se bastam porque não têm fronteiras. Não há palavra que estreie. Sempre estará carregada e atrelada a outras. "Certeza", por exemplo, é uma delas. O que seria da certeza se não existisse a dúvida? Uma depende da outra para fazer sentido. Há quem diga que são a mesma coisa, embora se apresentem com roupas diferentes dependendo da situação. Quer um exemplo? Raciocine dessa forma: somos capazes de duvidar que a certeza existe? Não. Veja aí que a "dúvida" já entrou na frase anterior. Mas isso nos dá a certeza de que sempre podemos ter certeza de tudo? Não. Vez ou outra, ou na maioria das vezes, somos levados a duvidar do que temos certeza. Principalmente daquelas certezas que trazemos carregadas conosco, como se fossem parte de nossa alma, como

Estranha filosofia

Nessa vida já vi de tudo Muita coisa presenciei Mas tem uma história que eu Quando ouvi, nem acreditei É um estranho pensamento Quase que uma teoria De um tal de João Mamão Que instituiu uma filosofia João já penou muito Essa vida lhe foi cruel Mas parece que ele Gosta de sofrer a granel Logo quando se casou A esposa, seu grande amor Com o melhor amigo dele Fugiu e o abandonou E depois veio a segunda Desta vez uma mais velha Mas mesmo sendo experiente Pisou na bola na estreia Logo depois do casamento Quando chegaram no hotel Ela lhe disse, na lata Que não ia para a lua-de-mel Pegou a mala, ainda pronta Pediu desculpas a João E disse que outro já a esperava Lá embaixo, no saguão Assim foi a desgraça Do segundo matrimônio E o terceiro, meu Deus! Espanta até o demônio! João casou-se com uma fulana Que de santa não tinha nada Mas ele, gato escaldado Surpreendeu a amada Ao invés de esperar O Ricardão lhe aparecer Tratou logo de contra