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Mostrando postagens de abril, 2012

Gramática do amor

Quem disse que amar é um verbo intransitivo? Perdoe-me o Mário de Andrade, mas o verbo amar é mais que transitivo, pois exige complemento. Seja direto ou indireto. Exige um ser amante, presente e onipresente, um objeto ligado a ele diretamente. Mas quando isso não é possível, contenta-se com o indireto, aquele ser que ele, ou divide com alguém, sendo dele um amante, ou divide com vários, sendo dele um apêndice. Mas o verbo amar também pode ser intransitivo. Não precisar de ninguém para se fazer acontecer. Apenas de si, do seu solitário amor, do seu platônico amor, esse verbo se basta. Nem quando tudo está terminado, que o ser amado escolhe outro, o verbo amar se esvazia. Se o amor for mesmo maiúsculo, é fiel ao existir, como um substantivo concreto. O verbo amar é assim. Um verbo complicado. De verbo, tão declarado, fantasia-se de substantivo, para impor a essência do significado da palavra amor. E de abstrato, não tem nada. É concreto tudo o que nos faz passar o amor. Rima com dor,

Homem, mulher e muitas diferenças

Homem e mulher Que não são nada iguais Possuem diferenças Características e cruciais Basta dizer o aspecto Que já dá para adivinhar De qual gênero humano Nestes versos estarei a falar Vamos citar a inteligência Um fator preponderante Um dos sexos domina esse item De forma super importante O outro pensa que dá conta  E até se regozija por isso Mas quando precisa dos neurônios Estes tomam chá de sumiço Há também a memória Um assunto pertinente Existe um que lembra de tudo O outro, só do que é conveniente E quando ambos se esquecem Do que deveriam lembrar Um se desculpa e o outro Põe-se logo a reclamar E culpa a secretária Que não cuidou em avisar A questão da beleza Não é tão fácil diferenciar Para qual sexo Ela está mais a interessar Só sei que os dois olham Para lugares diferentes Quando se deparam Com alguém atraente Um focaliza o rosto Por incrível que possa parecer O outro, olha para uma coisa Que

O oráculo, Margarida e o amor

  A curiosa Margarida Chegou e perguntou Ao sábio oráculo O que é o amor? O oráculo não é o Google Mas é sábio e sabido Devolveu com charadas O que Margarida tinha inquirido O que você, bela jovem Com pouca vida vivida Quer saber do amor É só um ponto de partida Os poetas dizem que o amor É muito mais que sentimento É ventura para muitos E para outros, um tormento O amor já foi cantado Em prosa, verso e romance Mas na vida real, minha querida O amor é outro lance O amor a gente sente Sem motivo de sentir E quando descobre a razão Pode até morrer de rir Nesse ponto do diálogo Margarida, entediada Interrompe a conversa E ao sábio dá uma cartada Ou você me diz de uma vez O que o amor é de verdade Ou eu vou espalhar que você Engana os outros só de maldade O sábio ficou surpreso Com a reação de Margarida E disse que se ela quiser saber O que o amor é na real Tem que casar várias vezes Para entender de uma vez Que o amor pode fazer mal

Meu fiel inimigo

Não há fidelidade maior do que a que um inimigo lhe devota. Ela e pura, inteira. Faz de você o centro das atenções. A fidelidade de um inimigo é a coisa mais certa da vida, depois da morte, claro, porque desta ninguém escapa. Mas enquanto não morremos, não partimos desta para uma incerta, temos como 100% de garantia o sentimento de fidelidade de nosso inimigo. É um sentimento nobre, veja só: é um tipo de fidelidade fácil de conquistar, fácil de manter e difícil de perder. Jamais um inimigo lhe decepcionará. Sempre lhe renderá intrigas, maledicências, críticas destrutivas. Já a fidelidade de um amigo não é lá muito confiável. Quantos segredos são partilhados por inúmeras pessoas, quando só uma era para ficar sabendo? Já diz o ditado que quem quer manter segredo, só conte a si mesmo. Compartilhou, dançou. E nem precisa de Facebook para isso. A fidelidade do amigo perde para a curiosidade. Contar algo a alguém curioso é um perigo. Ele pode por tudo a perder "sem querer". Alé

O ciclo do casamento

O casamento é uma novela Em constante repetição Depois da bonança Chega a chateação Vem o namoro quente O noivado agitado E depois o casamento É quando tudo está terminado Chega ao fim porque acaba A fase da novidade Agora é vida de casado É a fase da castidade! Pior que a abstinência É viver condenado A desfrutar do sexo Só com quem está do lado E quando o marido tenta Esse acordo burlar A esposa logo ameaça Se fizer, vou me vingar! O cabra pode arriscar E fazer tudo na surdina Mas se engana se pensa Que a mulher não atina Para o que acontece Fora da sua rotina E passa a planejar O troco que vai dar Antigamente ela tinha Dois caminhos a seguir Aceitar tudo calada Ou deixar a casa ruir Botando o cabra pra fora Mesmo contra a família E viver aguentando ser A divorciada, ingrata filha Mas hoje em dia Mudou muito a situação Geralmente ela usa Um caminho só para dar lição Fica calada, fingindo Que nada está acontecendo E experimenta a mesma coisa Que o marido está fazendo E o ma