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Mostrando postagens de junho, 2012

O espelho

Um dia, certa vez João dormiu e acordou Numa terra desconhecida Onde nunca antes passou Um cenário grande e bonito Cheio de flores e muito tranquilo Empolgado, João até se esqueceu Que ia trabalhar depois do cochilo Enquanto ele caminhava Naquele estranho e lindo lugar Deparou-se com uma caverna Tomou coragem e resolveu entrar Dentro da caverna só havia Morcegos e muita escuridão Até que lá no fundo João avistou um clarão Foi entrando mais e mais E o clarão se transformou Em uma espécie de espelho Que tomou vida e lhe falou: ‘Estranho, estranho visitante: Já que chegou até aqui Tem direito de optar Se quer saber a verdade De todos que contigo falar’ João ficou receoso Mas se era uma opção Resolveu dar uma resposta E disse ao espelho: ‘quero não!’ O espelho falante Alertou ao visitante Que esta opção Iria deixar João brochante

O desabafo de Dora

A inquietação Estou eu aqui, parada, nessa sala, sentada no sofá. Pensando na vida. Pensando em como poderia ser a vida se eu não tivesse me casado com Pedro. Ah, Pedro! Jovem, cheio de vida e promessas. Prometeu-me o que podia e o que não podia cumprir. Só conheci Pedro como homem. Nenhum outro. Nenhum outro beijo ou invasão mais íntima. Pedro era o sonho para qualquer mulher da minha idade e na minha época: um rapaz para casar! E como toda boa moça de família, fui educada para ser esposa e mãe. Esposa e mãe. Esposa e mãe. Era o que minha mãe martelava na minha cabeça o tempo todo. Pequena, aprendi a a rezar. Quando sangrei, aprendi a me conter. Uma moça direita tem que se conter e fingir que não existe o tesão. Pelo menos até o casamento. E, dependendo do esposo, o tesão continuaria sendo coisa de mulher-dama. Mas o que estou eu aqui a fazer? Sentada nesse sofá, parada no tempo em pleno ano de 2012. Quem me dera ter nascido há apenas 30 anos. Mas não, fui inventar de che

O desconfiado

Cada dia me espanta mais Até onde vai a imaginação De alguém que não tem descanso E vive pensando em traição José das Flores é um homem Muito bom, até por demais Mas perde muito do seu tempo Dando trela ao Satanás José é cidadão de bem Um amigo muito do arretado Temente a Deus, mas tem um porém Também dá ouvidos ao Diabo Veja só que contradição Um homem muito ciumento Que até da sombra desconfia Contratou um garotão Para testar a fidelidade De sua esposa, Dona Sofia Nesse ponto culminante Chegou a coragem de José Tirar a prova dos nove Ver se a esposa é de fé Pagou caro ao rapaz Dando a desculpa Que ia ser seu capataz O rapaz achou estranha Aquela proposta enviesada Mas o trabalho era fácil E o dinheiro, uma baba Aceitou a tarefa Que José entregou-lhe na mão E passou a fazer o papel De um falso Ricardão Dona Sofia, esposa boa

Amiga pra o que der e vier

Quando ouço aquele ditado Que quem avisa amigo é Penso logo na Jandira Uma mulher de fibra e de fé Ela com certeza iria dizer Que isso é uma enganação Porque amigo de verdade Não passa de uma ilusão Jandira teve uma experiência Muito ruim e inusitada Confiava numa fulana Amiga antiga, de longa data De tudo para essa amiga Jandira fazia confidência Nem sonhava que um dia A amiga, sem consciência Iria lhe passar a perna Sem ter a menor decência A amizade das duas começou Desde os tempos de escola Tudo que a amiga dizia Jandira dava a maior bola A confiança foi crescendo E Jandira, sem perceber Já estava deixando a amiga Na sua vida se meter Toda vez que um rapaz Por Jandira se interessava A amiga botava terra E Jandira o dispensava Assim aconteceu com outros Quatro interessantes pretendentes Até que chegou Adamastor E Jandira abriu os dentes O jovem, muito educado Rico e bem apessoado Fez Jandir