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Mostrando postagens de agosto, 2012

No táxi

Tudo indicava que aquela noite seria tranquila para Roberval. Taxista há trinta anos, já viu de tudo na noite, mas prefere trabalhar sob a lua. Não enfrenta engarrafamento e nem o calor infernal do dia. Roberval estava tranquilão ouvindo a resenha esportiva pelo rádio, quando um homem entra: - Tá livre amigo? - Sim, senhor! Vai para onde? - Siga aquele carro ali na frente, tá vendo? - É pra já! Roberval já tinha feito isso várias vezes. O passageiro era meio esquisito, mas estava bem vestido. Terno, gravata. Detalhe é que tossia um pouco, usava um lenço, mas, se a grana fosse boa, tudo certo. O carro da frente ia bem rápido. Roberval teve trabalho para colar no alvo sem ser notado. Mas a experiência fez a diferença. Já se passava vinte minutos dirigindo sem parar. O contador ia agradecer, ainda mais que era bandeira dois. Quando chegaram numa rua movimentada, cheia de bares, o carro da frente diminuiu. - Parece que vai parar – disse Roberval. Parou nada. Ali

No melhor da fofoca...

O telefone celular tocava insistentemente. Cinco e quarenta da manhã de um pleno domingo. Aguinaldo não acreditou. A muito custo levantou-se da cama e foi pegar o aparelhinho renitente. Na chamada não atendida, um número confidencial. Fulo da vida, Aguinaldo voltou para a cama e tentou pegar no sono. Em vão. A memória do chamado telefônico repetia-se em sua mente. O jeito foi levantar e ferver água para o café. Margarida ia chegar às sete da matina do plantão do hospital. Ela é uma exímia enfermeira. Chegou como sempre faminta. Aguinaldo já tinha feito o café e ovos mexidos, torrado o pão e fervido o leite. Margô sempre contando as novidades do plantão. Imagine que aquela madrugada um paciente havia dado entrada na emergência com uma enguia no abdômen. Uma enguia! Pequena, mas uma enguia. Talvez seja até um filhote de enguia. A família do azarado disse que foi um acidente. Ela, a enguia, entrou pelo ânus por um descuido da vítima, ou melhor, do coitado. A fofoca do plantão

O poço

Estava dormindo. O despertador tocou na hora marcada. Àquela hora em que a cidade acorda. Tocou dez minutos depois. E depois de mais dez. Estava difícil levantar naquele dia. Abriu o olho a muito custo. Fez menção de erguer-se, mas a dor nas costas não deixava. ‘Porque é tão difícil recomeçar?’ , pensava. Até que a vontade de urinar falou mais alto. Finalmente saiu da cama, embora fisicamente apenas. Porque a alma ainda estava adormecida. E estava assim já há vários meses. Desde que se descobriu só depois de dez anos de vida em comum. Estranho ter que se readaptar em não mais dividir a cama com outra pessoa. Não sentir o calor do outro e nem ter que disputar o lençol quando o frio assola de madrugada. Mas a cidade acordava todos os dias para sua infelicidade e seu incômodo. O sol nascia, e os carros apareciam nas estradas e avenidas. Suas buzinas mais frequentes à medida que o dia avança denuncia que é preciso andar para frente. Viver o presente .‘Mas que presente? Uma rotina de

O poço

Estava dormindo. O despertador tocou na hora marcada. Àquela hora em que a cidade acorda. Tocou dez minutos depois. E depois de mais dez. Estava difícil levantar naquele dia. Abriu o olho a muito custo. Fez menção de erguer-se, mas a dor nas costas não deixava. ‘Porque é tão difícil recomeçar?’ , pensava. Até que a vontade de urinar falou mais alto. Finalmente saiu da cama, embora fisicamente apenas. Porque a alma ainda estava adormecida. E estava assim já há vários meses. Desde que se descobriu só depois de dez anos de vida em comum. Estranho ter que se readaptar em não mais dividir a cama com outra pessoa. Não sentir o calor do outro e nem ter que disputar o lençol quando o frio assola de madrugada. Mas a cidade acordava todos os dias para sua infelicidade e seu incômodo. O sol nascia, e os carros apareciam nas estradas e avenidas. Suas buzinas mais frequentes à medida que o dia avança denuncia que é preciso andar para frente. Viver o presente .‘Mas que presente? Uma rotina de

Questões filosóficas

Algumas questões filosóficas Vou aqui colocar Será que vale a pena Ser amante e abrir mão do altar? Muitas mulheres até gostam De viver vida de amante Altas doses de adrenalina Por estar em perigo constante Outro argumento comum Das simpáticas mariposas É que a vida é mais leve Sem obrigações das esposas Mas não é sempre assim A vida boa da estepe Natal e qualquer feriado Não pode nem cogitar Passar ao lado do amado Esses dias são da esposa Já está determinado Se a versão beta de esposa For esperta e criativa Arranja outros afazeres Para não sair da ativa Isso inclui uma farra Com uma grande amiga Ou uma noitada Com um garotão bom de briga Porque se o amado cismar Ela bota o bofe na frente Para tudo neutralizar Então podemos concluir Que ser amante pode ser Tanto bom quanto ruim Depende da n