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Mostrando postagens de outubro, 2011

Os finados

Todo Dia de Finados Se divide Margarida A visitar os dois homens Mais importantes da sua vida Ainda bem que eles estão No mesmo cemitério Sepultados a sete palmos Descobrindo da morte o mistério De um lado da morada Está o marido marinheiro E na ponta oposta O amante galanteiro O marido saía pro mar Para lugares distantes Foi numa dessas que Margarida Conheceu o tal amante Enquanto ela varria o quintal Ele, esperto, se aproximou Convidou-a para jantar E de imediato ela aceitou Já fazia três meses Que o esposo navegava Em mares misteriosos E Margarida aproveitava Quando o maridão retornava Da viagem ao alto-mar O amante dava um tempo Para depois de novo voltar E assim Margarida Saboreou seus dois amores Até que um dia experimentou Viver amargos horrores O navio afundou E o marido morreu Até que ele nadava bem Mas o tubarão o comeu E no mesmo período O amante foi-se pra sempre Bebeu tanto durante anos Que o coração parou de repent

O dote e o trato

Certa vez num reino O jornalzinho anunciou Um dote milionário Todo mundo se interessou Era para se casar Com uma moça solteira E as inscrições Seriam até a sexta-feira E naquele dia, por acaso Estava de bobeira Juvenal Ele ficou muito animado Quando leu o jornal A oferta era boa Uma grana sem igual Doze mil reais na lata E mais doze, dizia o jornal Quando o noivo dissesse sim E a lua-de-mel fosse normal Juvenal lendo aquilo Até pensou em se inscrever Mas logo desanimou Outros melhores deviam ter Afinal, estava barrigudo E cabelo quase não tinha não Talvez nem fosse aceito Pra fazer a inscrição Encorajado por um amigo Resolveu arriscar Procurou o local Indicado no exemplar E depois de um mês Juvenal leu, todo contente Que sua inscrição foi aceita E não tinha nem concorrente Aí o amigo estranhou De Juvenal ser o eleito Sentiu-se na obrigação E alertou, meio sem jeito Que esse casamento Estava muito estranho E poderia muito bem ser

A chuva

A chuva tem dois lados Um bom e outro ruim Pensando bem tem outro lado Que não é tão ruim assim A chuva deixa um rastro De frio, lama, enchente Muita gente perde tudo Partindo o coração da gente Quando passa na tevê O povo a nadar Na rua onde mora Justo num lugar Feito só para caminhar Ficamos com uma pena Uma revolta, caro amigo Por que o governo só olha Quando tudo já tá perdido? E aí vem com conversa De que vai ajeitar a situação Mas na verdade só quer Maquiar a destruição E dar uma desculpa Para o resto da população Mas a chuva também tem O lado bom e romântico Antigamente, os cantadores Entoavam lindos cânticos Para agradar as mulheres Moças casadeiras Principalmente em dia De quinta e sexta-feira Agora o bom da chuva mesmo É numa noite de amor Cai aquela chuva forte Frio lá fora e dentro, calor E o casal naquele bem-bom Aproveitando com ardor Mas não se iluda não Que esse ponto de vista Só acontece quando a gente está Com todo gá

Ausência

Quando algo parece sair dos trilhos, é a ela que recorremos nos esconderijos das emoções. A ausência se faz presente, é trazida do nosso inconsciente, do alterego, ou sei lá o quê de onde é que a resgatamos, e passa a nos confortar. São lembranças boas, de um passado que não volta mais. Mas somos ingratos com elas. Geralmente as relegamos, ou melhor, as colocamos no seu devido lugar quando o trem volta aos trilhos novamente: para debaixo do tapete. Geralmente essas lembranças pertencem a um passado também doloroso com partes boas. E nos agarramos justamente a estas para reviver com bons sentimentos a metade que nos fez feliz. Mesmo sob tanta poeira do passado, é no vácuo do presente que a ausência mostra a sua força. É no conforto da ilusão de um passado bom que nos escondemos do presente difícil. Quem tem coragem de jogar fora o que não está no lixo? Se não está lá, é porque ainda serve para alguma coisa. O ser humano é o bicho mais capaz de reciclar sentimentos. Transformamos, vi

A orquestra

A orquestra conduz a festa Maestro para e atenta Para a perfeição das cordas Sensibilidade à flor da pele O mundo das partituras Tem dó, ré, mi, fá Os acordes menores Um doce lamento Os maiores A força do tormento O maestro conduz a orquestra Festa no teatro inteiro Naquele mundo de gente Ninguém sabe o somente Que cada um traz em si Tantas pessoas juntas E separadas, sorriem Não há quem suspeite Para onde os olhares convergem Fogem, procuram, disfarçam Fazem o que não devem Pensam o que não devem Só Deus para testemunhar E as nossas contas para pagar Ninguém pensa nisso nessa hora Só interessa aos presentes Em se deleitar somente Com aquele concerto durante uma hora Vivendo como ricos Parecendo ricos Muito longe dos nanicos Pequeno é o mundo lá fora Porque o de dentro se avoluma Cresce, solta as plumas E o maestro a conduzir Os egos a fluírem Da orquestra todos absorvem Na verdade sugam a sua magnificência A alma leve, voa livre Para os mais d