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Mostrando postagens de novembro, 2010

CADÁVER

O pequeno Juliano estava a cismar embaixo do pé de jabuticaba do sítio de seus avós. Gostava disso o pequeno Juliano. Pensava mil coisas: em brinquedos novos, em acordar cedo e tomar banho para começar bem o dia, em estudar todos os dias e não acumular as tarefas da escola. Juliano pensava até quando tivesse uma namorada. Estava com oito anos Juliano, mas já planejava como ia ser quando fosse namorado de alguma menina. 'Vou ter que andar sempre arrumado. As meninas são tão arrumadas!', refletia. Mas naquele final de tarde de domingo, dia bucólico, ainda mais bucólico porque ameaçava chover, estava Juliano pensando em algo incomum: cadáver. Isso mesmo, o tema dos pensamentos de Juliano era "cadáver". Mas não um cadáver específico e, sim, o cadáver de uma maneira geral. O cadáver enquanto ser existencial no planeta Terra. Juliano estava intrigado com o fato de todos nós virarmos um cadáver e falava com o pé de jabuticaba, o qual ele chamava de Macabéa: - Engraçado,

ETERNA PROCURA

Ela queria ser feliz. E ser feliz com felicidade. Disseram-lhe que para ser feliz tinha que ser uma boa pessoa. Então, procurou ser assim. Fez o que pôde, mas às vezes as quedas de caráter não deixavam. Por muitos momentos foi difícil perdoar, esquecer, deixar pra lá. Mesmo assim, ela se achava uma boa pessoa. Disseram-lhe também que felicidade também passava por escolher alguém legal para casar, ficar junto, juntar os trapos, dividir a cama. Passou por algumas experiências, por algumas pessoas. Com algumas ela foi ela mesma. Com outras, foi o que queriam que ela fosse. Com algumas foi sincera, verdadeira, transparente. Com outras, nem tanto. Disfarçou, omitiu, mentiu. Desistiu de ser santa, certa, íntegra. Procurou, então, ser ela mesma. Quando resolveu isso chegava aos 30 anos. Encontrou um casamento. No começo, era como ela queria. Atenção, cumplicidade, companheirismo. Depois veio o que ela não queria: o todo dia, o cotidiano, o dia após o outro, o domínio da rotina. Mas, quand

REFLEXÕES

A juventude acaba justamente no momento em que mais precisamos dela. O amadurecimento não é pontual porque sempre só chega depois. Então, troque suas pilhas regularmente para não ficar parado no tempo. A pior coisa não é quando as horas nos engolem, é quando nos esquecemos de que o tempo passa. A idade é uma companheira sem orgulho. Negamo-la, mas mesmo assim essa triste nos ama! E é ultrarresistente aos seguintes venenos: botox, tinta para cabelo, silicone, plástica, peeling e todas essas artimanhas com as quais gastamos pequenas fortunas regularmente. O amor é o sentimento mais sem noção e mais indeciso que existe. Adora fazer alguém muito feliz ou muito triste. Quem se dá bem com ele o tempo todo deve ter transtorno bipolar. A saudade é um despertador que só sabe funcionar no modo soneca. Dá corda pra você ver só! O fanatismo religioso é um poço cheio de holofotes lá no fundo. Você só enxerga as luzes, mais nada. O medo é um rogador de praga. Quando a gente duvida dele g