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Mostrando postagens de julho, 2012

Um exemplo de mulher

Nos tempos de hoje Não mais se faz Mulher como Jucélia Fiel até não acabar mais Casou-se aos dezoito anos E só conheceu um homem Osvaldo, seu marido Que lhe deu o seu nome Jucélia é ingênua Romântica e sonhadora Vive de ver novela E adora ficar à toa Pensando em sua vida De dona de casa, ô coisa boa! Nunca sai sem avisar Do seu paradeiro ao marido E não é por temer o esposo Porque ele não é de dar castigo É só para da satisfação Àquele que é o dono Do seu bobo coração Como eu disse lá atrás Nos tempos de hoje Não mais se faz Mulher como Jucélia Fiel até não acabar mais Mas nada é tão bom Que não possa melhorar E quando melhora para uns Para outros pode piorar Numa dessas tardes ensolaradas Jucélia estava em casa À toa, sem fazer nada Até que toca o telefone E uma voz doce e masculina Fala e diz o seu nome O rapaz chama-se Ronaldo E fala que está a pesquisar O grau de felicidade Que as pes

Novela das oito

Pedro cisma quando assiste à novela das oito. Ele tem dez anos e toda noite, de praxe, a família senta para ver a TV. O pai, a mãe, a avó e ele. Mas uma questão central sempre intriga Pedro: porque as pessoas perdem tanto tempo vendo uma vida que elas não têm? Durante a novela, para o ódio do pai e irritação da mãe, faz um monte de perguntas: - Mãe, porque essa mulher está dormindo com outro homem que não é seu marido? - Cala boca, menino, deixa o comercial passar que eu explico! - Pai, porque aquela menina ainda não casou e já está grávida? - Se não calar essa boca vai levar umas chineladas! Que vício de perguntar! Para a avó, Pedro nem se dá ao trabalho de fazer perguntas. Dona Vitinha quase não ouve e cochila a novela inteira. Acho que fica ali na sala só para compor o quadro da família completa, tipo comercial de margarina, sabe? Mas Pedro, incansável nas suas perguntas, sempre arranja um jeito de interromper a atenção dos pais na caixa preta para cravar um de
A MOSCA MORTA Tereza, uma jovem mulher Sempre vive a lamentar Do marido, um infeliz Que ela tem de aturar O dito é uma alma boa Não faz mal a ninguém Mas só tem iniciativa Para dormir, igual neném Tereza até reconhece Que ele é um cara legal Mas não dá para fingir Essa lerdeza total José parece que morreu E ainda não foi informado Mas mesmo que tivesse sido Seria capaz de perder a vez De entrar no outro lado É difícil acreditar que existe Uma pessoa nessa situação Mas Tereza pode garantir Que não é mentira, não José, uma mosca morta Parece mais uma assombração Aposentado, vive em casa De pijama e meia nos pés Na TV, só assiste àquilo Que não vale um conto de réis A barba é longa e branca O cabelo? Nem se fala! Se toparem com ele na rua Vão achar que é uma mortalha Se mesmo assim ele fosse Uma pessoa higiênica Ainda dava para aturar Uma criatura que não vive E apenas olha o tempo passar

Macarronada do amor

Josué estava especialmente romântico naquele dia. Completava cinco anos de casamento. Bom gourmet que é, resolveu fazer uma macarronada especial para jantar em casa mesmo, no aconchego do lar, com o acompanhamento de um bom vinho.  Ia ser tudo como regem os conformes: luz de velas, meia-luz e um CD tocando músicas românticas instrumentais, com o som no volume 7, para criar ‘O Clima’. Foi ao mercado comprar os ingredientes. Não se esqueceu de nenhum: - Uma lata de carne moída magrinha, magrinha, bem macia e sem gordura. - Margarina sem gordura trans, cuja embalagem tem aquela velha foto da família feliz. (para dar sorte). - Uma lata de milho verde bem amarelinho, também sem gordura trans. - Maionese, molho inglês e sal com baixo teor de sódio. Para dar aquele “tchan”. - Uma lata de molho de tomate Cor da Paixão. (esse é o nome da marca mesmo) - Creme de leite e ervilha. (estes ele comprou em caixa por que eram mais baratos) - Uma lata de legumes selecionados. (o

Traição de amante pega?

Motivo de chacota é o homem Que tem a cabeça enfeitada Quando a esposa, mulher amada Apronta uma empreitada E sai com outro a esquentar O seu doce cangote, ah desalmada! Mas para esse homem também é triste Quando banca o esperto e arranja Aquela mulher feito laranja Que em todo lugar tem e existe Nomes, ela possui vários Mas por um é muito conhecida Amante é como chamam a bandida Sem-vergonha é o apelido E outro pior prefiro não dizer Mas é bastante conhecido Pior sina é quando o coitado Crente que a esposa ignora Sua pulada de cerca e esbanja Um caminhão de vantagens para os amigos Sem saber onde anda sua nobre senhora Mas como ela é muito discreta Não vale a pena a gente especular Porque certamente não descobriremos Com quem a esposa está a se encontrar Mas sobre a amante fica mais fácil Não precisa nem investigar Da moça, esperta e fogueteira Basta seguir o rastro e constatar Agora estou me perguntando C