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Mostrando postagens de maio, 2011

A desconfiança

Desconfiança é uma coisa Difícil de se livrar Quanto mais a gente pensa, Mais custa a acreditar E assim vamos andando De tudo desconfiando Até da sombra a nos olhar A desconfiança não chega Está desde sempre lá Residindo na nossa mente Só esperando pra o bote dar Fazendo a gente ficar doido E em nada se fiar Até da própria letra Passa a desacreditar Zé Maria é assim Desconfiado ao quadrado Não deixa a mulher sair Nem pra ir no supermercado Pra todo canto vai com ela E quando não pode ir Manda junto um sentinela É um primo de Zé Maria Que mora com eles faz tempo Tem nariz grande, feio que só Pé de chulé e caspa no quengo Por isso que Zé Maria Só nele confia Pra acompanhar a sua Sofia Só que esse primo feio É grande amigo de Sofia Tudo que ela quer ele faz Mesmo escondido de Zé Maria Em troca de uns trocados O primo feio deixa Sofia Pular não somente a cerca Mas o alambrado inteiro Dia e noite, noite e dia Certa vez essa mulher Atendeu o

O bocó

Dá pena de ver Um amigo tão bocó Ingênuo e insosso Nada pra ele é um nó A vida é maravilhosa Tudo no mundo é um xodó O problema é que ele Não percebe a maldade Que pode vir das pessoas Ainda mais de uma beldade Tô falando da esposa Que pra ele é peça boa Santa e cheia de castidade Imagine que a danada Chegou pra ele certo dia Disse: "Vou viajar" "Pra casa da minha tia" O pobre acreditou Nem sequer questionou Que essa tia faz tempo De um acidente se finou O pior é que meu amigo Quando a gente vai alertar Fica brabo que só vendo Prefere nada enxergar E a vida vai levando E a mulher a cornear Outro dia nem te conto A mulher deu-se um trato Disse que ia com a amiga Visitar um orfanato Só que todo mundo sabe Que criança pra ela é bicho-do-mato Mas meu amigo mais uma vez Engoliu esse cordão E até desembolsou Dinheiro pra doação De fralda e tudo mais Porque tem bom coração E a esposa foi-se embora Fazer a caridade Só que saiu

O CASAMENTO

Casamento é um negócio Difícil de definir Pode ser bom ou ruim Depende do tempo que leva Pra engrenar ou ruir Eu classifico o casamento De acordo com o tempo verbal Presente, passado e futuro Tá duvidando do que eu digo? Então veja só como isso é real O presente é a parte boa Como o próprio nome diz Tudo é novidade Promessa de vida feliz Só se conjuga eu te amo Nem se cogita o "eu te quis" Ainda no tempo presente Qualquer mimo é uma festa Acham bonito careta e dengo E até beijo na testa Começam a falar feito criança A bestalhice desembesta E ainda têm os apelidos Que abusam do ridículo É mozinho, painho, mainha E ainda tem pior: moranguinha Ai meu Deus, vixe maria! É de castigar o ouvido! Agora no tempo passado A coisa começa a complicar O casal passa a discutir E se dana e comparar Como era e como é Só fazem se frustrar É um tal de passar na cara O que o outro fazia no começo Começam a conjugar tudo No pretérito perfeito Eu

O relato de um marido justiçado

Não tem coisa mais infeliz Que uma mulher insatisfeita Por mais que a gente faça Ela tá sempre à espreita De exigir mais da gente Senão, fica toda contrafeita A minha Sara mesmo É osso duro de roer Quando faço algum agrado Ela se põe a estremecer E mesmo assim me alfineta É só isso que tu sabe fazer? E olhe que eu até sou Um homem paciente Nunca grito, nem reclamo Mas olhe que eu fico doente Quando Sara não me dá bola E pra evitar um rala e rola Finge até dor de dente A feira eu mesmo fiz Comprei tudo que ela mandou Do bom e do mais caro Como ela mesma obrigou Nem me lembro do mês Que o cartão não estourou A minha cotação tá em alta Mas é com as amigas da Sara Todas dizem, sem ponto e vírgula Que eu sou uma joia rara Só a patroa isso não enxerga E de gastar nunca para Um dia eu vou dar um basta Nesta infeliz situação Vou falar bem grosso E fecharei as duas mãos Comprar do ruim e do barato Quero ver chover

A VÍTIMA, A PRANCHA E O PIRATA

"Na vida às vezes caminhamos como se numa prancha estivéssemos. Tipo aquelas pranchas de piratas que obrigam suas presas a andarem nelas para irem de encontro ao mar sem nada que lhes antepare. Só a vítima, a prancha e o mar. Eis uma situação-limite, diriam os filósofos. Mas temos opção antes que a prancha termine. Amores complicados são como pranchas de piratas. A cada passo, sabemos que estamos indo para um precipício incerto. Vamos encontrar o bom ou o mal. Em qualquer situação o medo nos acompanha. A cada passo, o medo está lá, desenvolvendo-se majestoso dentro das nossas almas, dominando-nos, mas deixando uma brechinha para por nós ser dominado. Nós é que às vezes não queremos sentir uma forçazinha que brota de dentro, que teima em dizer: 'nem tudo está perdido'. Mas preferimos só olhar para frente, para baixo e nunca para nós mesmos. O passado é um fardo que teimamos em carregar. Os mais sortudos desmistificam-no com o passar dos anos. Os mais sonhadores o colocam em