No velório de Aldemar, só a vela fica em silêncio... A casa de Aldemar estava cheia. Mas sempre vivia assim quando ele ainda respirava. Agora ele estava ali, naquele caixão com a portinha de vidro mostrando-lhe o rosto sereno. Talvez esse fosse o último dia em que aquela casa via muita gente. Aldemar era bem conhecido, não necessariamente querido, mas bem popular no sentido de ser uma pessoa do conhecimento de todos. Perto dali, ainda na sala, os cochichos: - Soube que ele tinha outra mulher e até teve um filho com ela. - E eles vêm para o enterro? - Não sei. Acho que a família oficial não iria querer, né? - Mas a esposa sabe? - Essas coisas... Acho que sempre sabe. No terraço, mais comentários: - Parece que ele devia a um agiota. Bronca grande! - É mesmo? E agora? Porque agiota nunca quer perder... - Acho que a família vai ter de pagar. - Mas eles sabem da dívida? - Não sei. Certamente a esposa sabe. Difícil não saber. Na frente da casa: - Dissera...