Tudo indicava que aquela noite seria tranquila para Roberval. Taxista há trinta anos, já viu de tudo na noite, mas prefere trabalhar sob a lua. Não enfrenta engarrafamento e nem o calor infernal do dia. Roberval estava tranquilão ouvindo a resenha esportiva pelo rádio, quando um homem entra: - Tá livre amigo? - Sim, senhor! Vai para onde? - Siga aquele carro ali na frente, tá vendo? - É pra já! Roberval já tinha feito isso várias vezes. O passageiro era meio esquisito, mas estava bem vestido. Terno, gravata. Detalhe é que tossia um pouco, usava um lenço, mas, se a grana fosse boa, tudo certo. O carro da frente ia bem rápido. Roberval teve trabalho para colar no alvo sem ser notado. Mas a experiência fez a diferença. Já se passava vinte minutos dirigindo sem parar. O contador ia agradecer, ainda mais que era bandeira dois. Quando chegaram numa rua movimentada, cheia de bares, o carro da frente diminuiu. - Parece que vai parar – disse Roberval. Parou nada. Ali...