O riso é, sim, uma manifestação de alguém que está feliz.
Mas é também desespero de alguém em aflição.
Porque o riso tem essa característica de ser, em si, oposição.
O riso é ainda um recurso de quem é pego de surpresa e, sem
saber o que dizer, ri.
Ri o riso dos fujões ou dos traídos pela falta de reação ao
assalto de um argumento.
O riso é, sim, autoritário.
Impõe com uma cara engraçada uma inocente piada, que de nada
disso tem.
Tem pavor, rancor, preconceito. Mas o riso tudo abafa. E aparece,
ali, sorrateiro e inconveniente.
Senhor de sua presença.
O riso é, sim, falta de assunto.
Provocação e até irritação.
Testa os nervos de quem vê em tudo um opositor.
Testa também os nervos daquele professor.
Que suporta, ou não, os risinhos quando tira os olhos do
grupo.
O riso, em suas variantes e sob todas as suas relatividades,
é imprevisível.
É um enigma. Porque nem todo riso é sincero.
E quando falta a verdade, sobra autoridade.
Quem ri do alto, inscreve-se na história dos ditadores.
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