Todas as noites, de segunda a sexta-feira, o martírio de Zé se repetia. Perto da hora da esposa voltar do trabalho, Zé apagava todas as luzes, colocava a cadeira perto da janela e ficava a vigiar. Dalva chegava num táxi branco, vidros fumê e, antes de ir embora, ficava debruçada na porta do motorista conversando. Isso é o que matava Zé do coração. 'Por que aquela intimidade toda com o taxista?'. Quando Dalva ia entrando, Zé corria para a cama e fingia dormir.
Isso já vinha acontecendo há alguns meses. Dalva sempre chegava à mesma hora, no mesmo táxi e fazia a mesma coisa: batia um papinho com o tal motorista. Na verdade, o que se passava na cabeça de Zé era justamente o que se passa na cabeça de alguém que está apaixonado e tem medo de enxergar uma verdade que machuque: ele não poderia acreditar que estivesse sendo traído.
Esse era o único, digamos, indício de que poderia estar havendo alguma coisa errada. Dalva, apesar desse comportamento estranho com o taxista, chegava em casa alegre, amorosa com o marido e fazia questão de estar com ele nos finais de semana. Não inventava chás com amigas, aniversários, enfim, essas desculpas que as mulheres gostam de dar quando estão dando uma puladinha de cerca. Mas, sufocado pela pressão da desconfiança, Zé resolveu consultar um amigo:
- Sabe, Tomaz, tem um amigo meu que está com um problemão! - Começou Zé, meio sem jeito.
- O que é, Zé?
Zé contou para Tomaz, de um fôlego só, tudo o que estava acontecendo com o tal "amigo".
- Ah, Zé! Isso deve ser traição sim! Por que ele não dá o flagra? Não espera de tocaia na rua e, quando o táxi parar, ele avança?
- É que ele não tem muita coragem!
- Um moleirão, né?
- ...é...mais ou menos.
Zé desistiu de continuar o assunto. Ia acabar se entregando. Foi pra casa, mas aquela idéia de dar o flagra até que não era má. Ficou martelando na cabeça dele. Zé ainda passou mais uma semana, ensaiando mentalmente como seria esse flagra e se seria realmente um flagra, já que ele morria de medo de perder Dalva. Mas, certa noite, ele tomou coragem:
Escondeu-se atrás de um muro de um terreno baldio, esperando o táxi chegar. Na mesma hora de sempre, lá vinha o carro. Dalva desceu do táxi e, justamente daquela vez, não ficou de bate-papo debruçada na porta do motorista. Pagou, desceu e foi direto pra casa. Zé ficou intrigado:
- Oi, amor! Vi você chegando! - Disse Zé, ao entrar em casa.
- Você tava onde, Zé?
- Fui comprar cigarro. Algum problema?
- Não. Nenhum! Por quê?
- Por nada! Você veio de táxi?
- Ah é! Minha amiga não foi trabalhar hoje aí eu tive que pegar um táxi!
- Sua amiga tem táxi também?
- Táxi? Não, né Zé! Que pergunta!
A partir desse dia, Zé resolveu parar de investigar.
Isso já vinha acontecendo há alguns meses. Dalva sempre chegava à mesma hora, no mesmo táxi e fazia a mesma coisa: batia um papinho com o tal motorista. Na verdade, o que se passava na cabeça de Zé era justamente o que se passa na cabeça de alguém que está apaixonado e tem medo de enxergar uma verdade que machuque: ele não poderia acreditar que estivesse sendo traído.
Esse era o único, digamos, indício de que poderia estar havendo alguma coisa errada. Dalva, apesar desse comportamento estranho com o taxista, chegava em casa alegre, amorosa com o marido e fazia questão de estar com ele nos finais de semana. Não inventava chás com amigas, aniversários, enfim, essas desculpas que as mulheres gostam de dar quando estão dando uma puladinha de cerca. Mas, sufocado pela pressão da desconfiança, Zé resolveu consultar um amigo:
- Sabe, Tomaz, tem um amigo meu que está com um problemão! - Começou Zé, meio sem jeito.
- O que é, Zé?
Zé contou para Tomaz, de um fôlego só, tudo o que estava acontecendo com o tal "amigo".
- Ah, Zé! Isso deve ser traição sim! Por que ele não dá o flagra? Não espera de tocaia na rua e, quando o táxi parar, ele avança?
- É que ele não tem muita coragem!
- Um moleirão, né?
- ...é...mais ou menos.
Zé desistiu de continuar o assunto. Ia acabar se entregando. Foi pra casa, mas aquela idéia de dar o flagra até que não era má. Ficou martelando na cabeça dele. Zé ainda passou mais uma semana, ensaiando mentalmente como seria esse flagra e se seria realmente um flagra, já que ele morria de medo de perder Dalva. Mas, certa noite, ele tomou coragem:
Escondeu-se atrás de um muro de um terreno baldio, esperando o táxi chegar. Na mesma hora de sempre, lá vinha o carro. Dalva desceu do táxi e, justamente daquela vez, não ficou de bate-papo debruçada na porta do motorista. Pagou, desceu e foi direto pra casa. Zé ficou intrigado:
- Oi, amor! Vi você chegando! - Disse Zé, ao entrar em casa.
- Você tava onde, Zé?
- Fui comprar cigarro. Algum problema?
- Não. Nenhum! Por quê?
- Por nada! Você veio de táxi?
- Ah é! Minha amiga não foi trabalhar hoje aí eu tive que pegar um táxi!
- Sua amiga tem táxi também?
- Táxi? Não, né Zé! Que pergunta!
A partir desse dia, Zé resolveu parar de investigar.
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