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TUDO É CARNAVAL!

No começo, tudo é Carnaval! O que o outro diz é como um samba-enredo, que combina direitinho com a nossa escola. O sentimento obedece ao ritmo da bateria. A razão sempre fica em segundo plano, no rabo da escola. É sempre assim o início de um relacionamento. Tudo tem o tempero das mulatas, a leveza da porta-bandeira, a delicadeza do mestre-sala. É nota dez, até que um se acostuma com o outro. Até que se enxerguem os defeitos, as falhas nas alas.

Aí entram os nossos jurados internos. Começamos a julgar o outro, a analisá-lo, a compará-lo com desfiles passados. Fulano não tinha isso. Não gosto disso que ele faz, ela é muito chata para tal coisa, e assim vamos desenrolando vários quesitos e tirando pontos, tirando, tirando... Sobra o quê? A realidade. Que está na outra ponta da avenida, na dispersão.

Sem alegorias, sem plumas e paetês, sem máscaras, nos resta a massa real. Aquele que sempre esteve ali, mas antes era ofuscado pela eclosão contagiante de sentimentos da nossa escola de samba. Nem no recuo da bateria notamos que algo precisava ser enxergado.

O desfile acabou, a festa esfriou, a emoção abrandou. E agora, José?Agora é seguir em frente. Se separados, valeu a experiência. Se juntos, ah, se juntos, a coisa é outra! Precisamos rever alguns conceitos, mudar o enredo. Ninguém é perfeito, ninguém tira nota dez em tudo, então, que venham as experiências. A festa agora é um baile sem máscaras.

Quando temos sorte, vem o Natal. Com toda aquela magia, sentimento puro, a vontade de acertar, de reconhecer e corrigir defeitos. Não apenas apontá-los. Afinal, ninguém acredita em Papai Noel, acredita? Realmente há quem acredite. Mas isso é outra história. No momento, precisamos ouvir o delicado toque dos sinos, ao invés da ensudercedora evolução da bateria. Montamos uma árvore de Natal: alegria, amor, felicidade, caridade, companheirismo, fidelidade. Palavras difíceis de pendurar na nossa árvore interna. Mas precisamos tentar. O bom é que sempre vamos precisar tentar, nos renovar, nos surpreender, enfim, acordarmos todos os dias, olhando o outro como se fosse um ano novo, um novo tempo. E quando conseguimos isso, tudo é Carnaval!

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