Desconfiança é uma coisa
Difícil de se livrar
Quanto mais a gente pensa,
Mais custa a acreditar
E assim vamos andando
De tudo desconfiando
Até da sombra a nos olhar
A desconfiança não chega
Está desde sempre lá
Residindo na nossa mente
Só esperando pra o bote dar
Fazendo a gente ficar doido
E em nada se fiar
Até da própria letra
Passa a desacreditar
Zé Maria é assim
Desconfiado ao quadrado
Não deixa a mulher sair
Nem pra ir no supermercado
Pra todo canto vai com ela
E quando não pode ir
Manda junto um sentinela
É um primo de Zé Maria
Que mora com eles faz tempo
Tem nariz grande, feio que só
Pé de chulé e caspa no quengo
Por isso que Zé Maria
Só nele confia
Pra acompanhar a sua Sofia
Só que esse primo feio
É grande amigo de Sofia
Tudo que ela quer ele faz
Mesmo escondido de Zé Maria
Em troca de uns trocados
O primo feio deixa Sofia
Pular não somente a cerca
Mas o alambrado inteiro
Dia e noite, noite e dia
Certa vez essa mulher
Atendeu o telefone
Entrou em prantos e anunciou
Tenho que viajar hoje, homem!
Minha única tia morreu
Lá pras bandas de Dormentes
Tenho que ir logo pra lá
Dar apoio aos parentes
Zé Maria não teve dúvida
Chamou logo o primo feio
Que prontamente se animou
Ia se esbaldar no rodeio
Que era pra onde iam
Assistir à apresentação
De um bonitão vaqueiro
O rapaz é o amante
Predileto de Sofia
De tempos em tempos a danada
Mata uma prima ou uma tia
Pra se esbaldar com o garanhão
E quando Sofia pega Tonhão
É a noite toda, vixe maria!
E Zé Maria, esse coitado
Dorme tranquilo na sua casa
Enquanto a nobre esposa
Nessas saídas cria asa
E acaba fazendo chifre
Que na cabeça de Zé Maria
Encontra guarida e faz casa
E se você desconfia
De alguma situação
Que faça na sua cabeça
Uma grande confusão
Um conselho que lhe dou
Pra evitar decepção
É sempre confiar
Em tudo que escutar
E fazer ouvido mouco
Quando de algo não gostar
Em resumo, é melhor
Só no bom acreditar
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