Pular para o conteúdo principal

Final feliz


Naquele fatídico dia

Estava eu lá naquele salão

Esperando a juíza chamar

Pra assinar a separação



Eu estava em frangalhos

Juntando os pedacinhos

E Margarida, minha esposa

Só faltava dar pulinhos



A gente era casado

Já fazia uns dez anos

Eu acha que tudo ia bem

Mas vi que era um engano



De repente Margarida

Começou a mudar

Mudou tanto que um dia

Disse: "quero me separar"



Chorei, implorei e até esperneei

Mas não teve jeito o apelo

Margarida estava convicta

E eu, com dor de cotovelo



Perguntei onde eu errei

Ela nada me confirmou

Só disse com todas as letras

Que o amor se modificou



E a única saída que tive

Foi concordar com a beldade

Queria pelo menos preservar

Uma bonita amizade



E lá estava eu no salão

Do fórum a esperar

Prestes a ver a minha vida

De cabeça pra baixo virar



Enfim a atendente gritou

O número cinquenta e três

Me deu um nervoso danado

Era chegada a nossa vez



Lá diante da juíza

Fiquei com frio na barriga

A magistrada perguntou

Qual o motivo da nossa intriga



Margarida, muito calma

Disse que já estávamos separados

E tínhamos ido ali

Para ter o fato consumado



Não sei o que me deu na hora

Que eu me desesperei

Comecei a chorar e gritar

Pra Margarida me declarei



Disse que a amava muito

Que não queria me separar

Aceitava até dividi-la com outro

Contanto que continuássemos no lar



Margarida ficou enfurecida

Muito raivosa e irritada

Bateu na mesa da juíza

E meu deu uma punhalada



Disse que já que era assim

Que eu tava atrapalhando

Confessou que tinha outro

Fazia tempo que tava amando



E não satisfeita com a cena

Da minha triste humilhação

Ainda disse que nosso filho

Não era meu não



A juíza abriu a boca

E fechou logo em seguida

Não sabia o que dizer

Daquela incomum intriga

Mas chamou em um cantinho

A minha querida Margarida

E depois de um minutinho

Decretaram o rumo da minha vida



A juíza comunicou

Que Margarida reconsiderou

E disse que ia tentar

O nosso casamento salvar



Eu olhei pra Margarida

Com os olhos marejados

E ainda perguntei:

E o amante? Será dispensado?



Margarida confirmou

Que não ia mais encontrar

O sujeito que ela estava

Há um tempo a namorar



E eu piamente acreditei

Em toda aquela situação

Voltamos para a nossa casa

Pra festejar a reconciliação



Tá vendo que desta vez

Uma história de amor

Terminou de um jeito feliz

E o marido se beneficiou?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AMOR LONGE

Não tem coisa mais frustrante Do que namorar de longe Um lá e outro aqui Que nem freira e monge Dizem que a distância aumenta No coração a saudade Mas se você tem urgência Tem que sair da cidade Numa situação dessa É aconselhável pensar Viver junto daria certo? Melhor não especular Já diz um velho ditado Quem casa, quer casa Mas nos tempos de hoje Quem casa, descasa! Porém não quero que pensem Que sou contra o casamento Dormir junto é muito bom Mas pode ser só momento Se você não escolher bem Com esse tormento convive E pra quem namora de longe Disso já está livre Mas livre não está Quando a carência bater O jeito é apelar Pra internet resolver Pela web se conversa Por texto, vídeo e áudio Riem, brigam e choram Depois, cada um pro seu lado Mas também é vantagem Viver um amor assim Aparecem outras pessoas Pra aliviar a fase ruim Agora vamos ser justos Não é legal enganar Se alguém é só um escap

A sina da amante

Dizem que ter uma amante É correr perigo constante Que o homem precisa se cuidar Para a esposa não o flagrar Muitos conselhos dão Para aquele que a cerca pula Tudo o homem tem à mão Para se livrar de um safanão Só que todos se esquecem Que aquela que é a outra Leva uma vida difícil Quem pensa que é só alegria Mal pode imaginar Que a coitada da amante Entra é numa grande fria O problema da amante É que ela já tá perdida Ainda na fase de pré-amante Já leva nome de bandida É chamada de vários adjetivos Melhor o significado não saber Mas tem um tão grosseiro Que nem me atrevo a dizer Não se engane quando a amante Enche a boca e diz Que fica com a melhor parte E, dando uma de atriz, Faz todo mundo acreditar Que, sendo a outra, é feliz Na verdade a bichinha É uma grande coitadinha Pensa que está por cima Mas depois que o tempo passa Vê que o tiro saiu pela culatra O cara nem deixa a mulher E também não para de prometer Que a situação deles

José, um homem de fé

José tava de dar dó Sol quente na moleira Na garganta, aquele nó Capinando e pensando Onde estará a minha Filó? Filomena é o nome Da esposa de José Que arrumou outro homem E do sítio deu no pé Mesmo levando o fora Sendo por ela humilhado Virando motivo de chacota José gritou 'tão perdoado' Mas Filó já estava longe Na charrete do amante Nem escutou o apelo Do marido vacilante E então José passou A levar a vida à toa Capinava no sítio Fizesse sol ou garoa Na esperança de um dia Filomena retornar E dizer: 'voltei, José' Ao regaço do nosso lar Mas já diz o ditado Quem come se lambuza E Filomena tem olhos De invejar a Medusa O amante é homem bonito Rico, inteligente e educado Que mulher não o preferiria A um marido aloprado? Quando Filó bateu o olho No seu futuro affair Pensou 'é com esse!' Que daqui eu dou no pé José nem desconfiava Da tempestade que se formava Só tinha olhos pro sítio E pros bois que comprava