Dois amigos se encontraram após longa data distantes. Essas coisas de amizade fina de colégio, mas que esfria com a distância provocada pelos afazeres pós segundo grau. Trabalho, estágio, curso de inglês... tudo afasta-nos das amizades feitas na época de escola. Mas estavam eles ali, dez anos depois, a conversarem numa mesa de bar, bebendo cerveja e petiscando arrumadinho de carne de sol. José e Maurício. Eram unha e carne os dois. E reviviam os tempos em que só tinham uma obrigação: estudar. E nem essa obrigação cumpriam direito, mas, no final, tudo deu certo, mesmo que em doses diferentes, para os dois.
- Quanto tempo, Maurício! Você está elegante, bonito, parece até rico!
- Que nada, José. É que não costumo pegar muito sol...
- Mas você parece bem cuidado. Arrumou uma mulher dedicada? Um emprego bom? Salário bom?
- Acho que um pouquinho de cada coisa...
- Tá vendo? Sabia que um mauricinho mesmo que tardiamente!
- Queria eu! Muitas obrigações. Casamento dá muita despesa. E você? O que fez da vida?
- Rapaz, não tive a mesma sorte que você...
- Não diga isso, José...
- Digo sim, Maurício! Quando terminei o segundo grau, tentei emprego, mas só consegui uns bicos na oficina de um amigo do meu pai.
- E depois?
- Me acomodei. Fiquei por lá na oficina. Até que sou um mecânico de mão cheia, mas acho que se tivesse feito um curso técnico teria conseguido coisa melhor. Não estudei mais e depois veio a Antonieta...
- Quem é?
- Minha primeira mulher. Na verdade, foi um casamento meio às pressas. Ela engravidou e eu tive que assumir.
- Pôxa! Mas um filho é uma bênção...
- Seria mesmo. Eu até que estava me acostumando à vida de pai, mas uma fatalidade aconteceu.
- Mesmo? O quê?
- Antonieta sofreu um acidente e morreu. Estava com dois meses de gravidez.
- Que pena, José! Mas e hoje, você casou de novo?
- Nada! Continuo na oficina, mas tô saindo com uma dondoca que leva o carro lá pra consertar de vez em quando.
- Rapaz! Cuidado. Ela não é casada?
- É sim. Ela é legal e diz que o marido não tem pegada como eu tenho. O carro dela só vive lá. Ela diz pro marido que empresta para uma amiga. Mas é só conversa. É pra ter o pé de me ver lá na oficina depois do expediente.
Aquela conversa foi longe. Falaram de futebol, novela e até religião. Lá pelas tantas, Maurício chega em casa:
- Oi, amor! - disse a esposa, dando-lhe um beijo na testa.
- Oi. Você vai sair? - perguntou ele, vendo-a toda arrumada.
- Vou na Mirtes pegar o carro. Ela pediu emprestado de manhã.
Mas isso foi só coincidência...
- Quanto tempo, Maurício! Você está elegante, bonito, parece até rico!
- Que nada, José. É que não costumo pegar muito sol...
- Mas você parece bem cuidado. Arrumou uma mulher dedicada? Um emprego bom? Salário bom?
- Acho que um pouquinho de cada coisa...
- Tá vendo? Sabia que um mauricinho mesmo que tardiamente!
- Queria eu! Muitas obrigações. Casamento dá muita despesa. E você? O que fez da vida?
- Rapaz, não tive a mesma sorte que você...
- Não diga isso, José...
- Digo sim, Maurício! Quando terminei o segundo grau, tentei emprego, mas só consegui uns bicos na oficina de um amigo do meu pai.
- E depois?
- Me acomodei. Fiquei por lá na oficina. Até que sou um mecânico de mão cheia, mas acho que se tivesse feito um curso técnico teria conseguido coisa melhor. Não estudei mais e depois veio a Antonieta...
- Quem é?
- Minha primeira mulher. Na verdade, foi um casamento meio às pressas. Ela engravidou e eu tive que assumir.
- Pôxa! Mas um filho é uma bênção...
- Seria mesmo. Eu até que estava me acostumando à vida de pai, mas uma fatalidade aconteceu.
- Mesmo? O quê?
- Antonieta sofreu um acidente e morreu. Estava com dois meses de gravidez.
- Que pena, José! Mas e hoje, você casou de novo?
- Nada! Continuo na oficina, mas tô saindo com uma dondoca que leva o carro lá pra consertar de vez em quando.
- Rapaz! Cuidado. Ela não é casada?
- É sim. Ela é legal e diz que o marido não tem pegada como eu tenho. O carro dela só vive lá. Ela diz pro marido que empresta para uma amiga. Mas é só conversa. É pra ter o pé de me ver lá na oficina depois do expediente.
Aquela conversa foi longe. Falaram de futebol, novela e até religião. Lá pelas tantas, Maurício chega em casa:
- Oi, amor! - disse a esposa, dando-lhe um beijo na testa.
- Oi. Você vai sair? - perguntou ele, vendo-a toda arrumada.
- Vou na Mirtes pegar o carro. Ela pediu emprestado de manhã.
Mas isso foi só coincidência...
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