Pular para o conteúdo principal

Clichês da vida

Um marido dedicado merece uma esposa que só vive em lugar incerto e não sabido? O tiro de misericórdia é quando a patroa inventa uma conversa pra boi dormir. O cara finge que acredita para não parar no fundo do poço. Mas, na realidade, come o pão que o diabo amassou. E bem amassadinho. Rasgar o verbo não adianta. Botar banca? Muito menos. Porque o caldo entorna quando se resolve atirar para todo lado. Portanto, não brinque com fogo porque você pode se queimar. A mulher levanta o acampamento, deixa o lar vazio e o dito cujo, além de traído, fica feito uma barata tonta, sem saber a quem recorrer. Amigos? Todos galhofam. Família? Vão dizer o conhecido "eu te avisei". Sem contar que vai servir de chacota para os primos.
Agora, tem uma coisa: se o cara resolver bater de frente e for macho até debaixo d'água, então atire a primeira pedra e siga atirando até acabar a munição. Mas rode a baiana com requintes de crueldade para o tiro não sair pela culatra. Rasgue o verbo, reclame até secar a garganta e enxote a danada para fora de casa. Mas lembre-se: segure a onda depois. Arranje logo outro amor, porque figurinha repetida não completa álbum. Tome um banho de loja, mude o visual, enfim, vista a camisa da vitória porque para os vencedores, sobram batatas! Quem tem cabeça forte aguenta rojão.
Um fato desses aconteceu com Juvenal. Pobre Juvenal, sempre castigado nesta coluna. O caso foi que Juvenal já vinha com a pulga atrás da orelha com a patroa. Ausências frequentes. Fria para o sexo. E qualquer coisinha soltava os cachorros em cima dele. Juvenal não teve dúvidas: contratou um detetive particular para tirar a prova dos nove, botar o preto no branco e os pontos nos is. Enquanto isso, botou as barbas de molho e aguardou. Passou-se quase dois meses e nenhuma notícia do detetive. Até que certa tarde ligam da polícia para Juvenal:
- Alô?
- Alô! Por favor, gostaria de falar como senhor Juvenal de Sant'anna.
- É ele.
- Senhor, aqui é da delegacia de polícia. A sua esposa se chama Maria Lúcia de Sant'anna?
- Sim, por quê?
- Ela está aqui detida, junto com um homem.
- O que aconteceu?
- É melhor o senhor vir aqui para saber pessoalmente...
- Diga logo o que foi! Sou hipertenso!
- Eles queriam sair do motel sem pagar a conta.
Juvenal não teve nem o direito de ser o último a saber. Mandou o detetive pastar, sacudiu a poeira e pagou a fiança... só da esposa. O homem que estava com ela? Ele nem chegou a ver. O que os olhos não veem, o coração finge que não sente. E, de mais a mais, o tempo é o melhor remédio.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AMOR LONGE

Não tem coisa mais frustrante Do que namorar de longe Um lá e outro aqui Que nem freira e monge Dizem que a distância aumenta No coração a saudade Mas se você tem urgência Tem que sair da cidade Numa situação dessa É aconselhável pensar Viver junto daria certo? Melhor não especular Já diz um velho ditado Quem casa, quer casa Mas nos tempos de hoje Quem casa, descasa! Porém não quero que pensem Que sou contra o casamento Dormir junto é muito bom Mas pode ser só momento Se você não escolher bem Com esse tormento convive E pra quem namora de longe Disso já está livre Mas livre não está Quando a carência bater O jeito é apelar Pra internet resolver Pela web se conversa Por texto, vídeo e áudio Riem, brigam e choram Depois, cada um pro seu lado Mas também é vantagem Viver um amor assim Aparecem outras pessoas Pra aliviar a fase ruim Agora vamos ser justos Não é legal enganar Se alguém é só um escap

A sina da amante

Dizem que ter uma amante É correr perigo constante Que o homem precisa se cuidar Para a esposa não o flagrar Muitos conselhos dão Para aquele que a cerca pula Tudo o homem tem à mão Para se livrar de um safanão Só que todos se esquecem Que aquela que é a outra Leva uma vida difícil Quem pensa que é só alegria Mal pode imaginar Que a coitada da amante Entra é numa grande fria O problema da amante É que ela já tá perdida Ainda na fase de pré-amante Já leva nome de bandida É chamada de vários adjetivos Melhor o significado não saber Mas tem um tão grosseiro Que nem me atrevo a dizer Não se engane quando a amante Enche a boca e diz Que fica com a melhor parte E, dando uma de atriz, Faz todo mundo acreditar Que, sendo a outra, é feliz Na verdade a bichinha É uma grande coitadinha Pensa que está por cima Mas depois que o tempo passa Vê que o tiro saiu pela culatra O cara nem deixa a mulher E também não para de prometer Que a situação deles

José, um homem de fé

José tava de dar dó Sol quente na moleira Na garganta, aquele nó Capinando e pensando Onde estará a minha Filó? Filomena é o nome Da esposa de José Que arrumou outro homem E do sítio deu no pé Mesmo levando o fora Sendo por ela humilhado Virando motivo de chacota José gritou 'tão perdoado' Mas Filó já estava longe Na charrete do amante Nem escutou o apelo Do marido vacilante E então José passou A levar a vida à toa Capinava no sítio Fizesse sol ou garoa Na esperança de um dia Filomena retornar E dizer: 'voltei, José' Ao regaço do nosso lar Mas já diz o ditado Quem come se lambuza E Filomena tem olhos De invejar a Medusa O amante é homem bonito Rico, inteligente e educado Que mulher não o preferiria A um marido aloprado? Quando Filó bateu o olho No seu futuro affair Pensou 'é com esse!' Que daqui eu dou no pé José nem desconfiava Da tempestade que se formava Só tinha olhos pro sítio E pros bois que comprava