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A mentira de Adamastor



Adamastor tinha certeza
Que tudo estava certo
Viajou para o Rio de Janeiro
Dando uma de esperto
Se encontrar com a amante
Mas para a esposa contou
Que ia rever o irmão Roberto

Lá no Rio tudo correu
A maior maravilha
Adamastor levou a amante
Para todo canto da ilha
Não a do Governador
Mas a de Angra, meu senhor!

O feliz homem se sentia
Como se jovem ainda fosse
A amante o rejuvenescia
Embora a aparência dele
Seja de uns sessenta e danou-se

À noitinha, no hotel
A coisa pegava fogo
Adamastor, todo demente
Queria duas, três, quatro
Massagens nos pés
Que vivem dormentes

A amante, muito esperta
De tudo fez para agradar
E quando ele estava cansado
Exausto de tanta massagem
Dormia como um anjo
Fazendo uma bela viagem
Ao mundo dos homens de sorte
Que gastam dinheiro com sacanagem

Mas nem tudo foram flores
Nessa feliz jornada
A esposa, vez em quando
Ligava desconfiada
Adamastor tirava de letra
Dizia que estava com o irmão
E ela se contentava 
Com a desculpa do sabichão

No dia de voltar para casa
A esposa voltou a ligar
Queria saber a hora
Que o voo ia chegar

Adamastor, que não é besta
Inventou um horário diferente
Para dar tempo de chegar
E encontrar outra gente
Uma jovem secretária
Que não sai da sua mente

E assim Adamastor
No aeroporto chegou
E a secretária já o esperava
Doida para lhe dar amor

Só mais tarde Adamastor
Retornou para sua casa
Crente que a esposa
Cheia de amor o esperava
O que encontrou foi um bilhete
Que dizia, sem delongas
'Fui para o Rio de Janeiro
Ver Roberto, teu irmão
Ou melhor, o que sobrou dele
Depois do acidente de avião
Que ele sofreu lá em Paris
Onde já estava há um tempão'

Essa história deixa um conselho
Quase que uma lição
Ao inventar uma mentira
Tem que combinar com a oposição

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