Quem disse que amar é um verbo intransitivo? Perdoe-me o Mário de Andrade, mas o verbo amar é mais que transitivo, pois exige complemento. Seja direto ou indireto. Exige um ser amante, presente e onipresente, um objeto ligado a ele diretamente. Mas quando isso não é possível, contenta-se com o indireto, aquele ser que ele, ou divide com alguém, sendo dele um amante, ou divide com vários, sendo dele um apêndice. Mas o verbo amar também pode ser intransitivo. Não precisar de ninguém para se fazer acontecer. Apenas de si, do seu solitário amor, do seu platônico amor, esse verbo se basta. Nem quando tudo está terminado, que o ser amado escolhe outro, o verbo amar se esvazia. Se o amor for mesmo maiúsculo, é fiel ao existir, como um substantivo concreto. O verbo amar é assim. Um verbo complicado. De verbo, tão declarado, fantasia-se de substantivo, para impor a essência do significado da palavra amor. E de abstrato, não tem nada. É concreto tudo o que nos faz passar o amor. Rima com dor, sofredor, desamor. Quem já não sofreu por falta de amor? E quem ousa fugir à regra geral, de um dia viver um amor platônico ou carnal, fique avisado que não será perdoado. Ao fim dos anos de uma vida, a dor maior do que não ter amado, é sentir que não viveu a vida. E aí nem a gramática pode ajudar. Porque ela só está a repetir: amar é verbo, o resto é substantivo ou advérbio. E é advérbio porque o amor tem a capacidade de mostrar o estado de emoção de quem ama e de quem é um amado. Um advérbio que se confunde com o verbo, no particípio passado. O amor também pode ser antônimo de si. Quando engana o ódio, que acredito a tudo possuir. Ódio e amor se amam por demais. Nunca vi dupla tão unida. Que mesmo numa guerra entre si, não se dá por vencida. E uma família grande o amor está sempre a possuir. São seus hipônimos, que não me deixam mentir. Podemos arriscar, sem medo de errar, alguns parentes do amor, que aqui vamos listar. Dor, que já falei antes, é um deles. Parente ingrato, que faz sofrer, mas na árvore genealógica do amor faz questão de permanecer. Outro bem conhecido, embora nem sempre aceito, é a traição, que joga fora o que o amor tem feito. Mas dele é um parente inseparável, porque quem se entrega ao amor, à traição está vulnerável. Outros familiares são mais chegados, como a confiança, o companheirismo, a admiração e o respeito ao ser amado. Como se vê, o amor está cercado de parentes diferentes, que entre si são conflitantes, mas também são interdependentes. Sem um, o valor do outro não seria reconhecido. Ainda bem que o amor é, em si, um forte. Senão já tinha perecido.
Quem disse que amar é um verbo intransitivo? Perdoe-me o Mário de Andrade, mas o verbo amar é mais que transitivo, pois exige complemento. Seja direto ou indireto. Exige um ser amante, presente e onipresente, um objeto ligado a ele diretamente. Mas quando isso não é possível, contenta-se com o indireto, aquele ser que ele, ou divide com alguém, sendo dele um amante, ou divide com vários, sendo dele um apêndice. Mas o verbo amar também pode ser intransitivo. Não precisar de ninguém para se fazer acontecer. Apenas de si, do seu solitário amor, do seu platônico amor, esse verbo se basta. Nem quando tudo está terminado, que o ser amado escolhe outro, o verbo amar se esvazia. Se o amor for mesmo maiúsculo, é fiel ao existir, como um substantivo concreto. O verbo amar é assim. Um verbo complicado. De verbo, tão declarado, fantasia-se de substantivo, para impor a essência do significado da palavra amor. E de abstrato, não tem nada. É concreto tudo o que nos faz passar o amor. Rima com dor, sofredor, desamor. Quem já não sofreu por falta de amor? E quem ousa fugir à regra geral, de um dia viver um amor platônico ou carnal, fique avisado que não será perdoado. Ao fim dos anos de uma vida, a dor maior do que não ter amado, é sentir que não viveu a vida. E aí nem a gramática pode ajudar. Porque ela só está a repetir: amar é verbo, o resto é substantivo ou advérbio. E é advérbio porque o amor tem a capacidade de mostrar o estado de emoção de quem ama e de quem é um amado. Um advérbio que se confunde com o verbo, no particípio passado. O amor também pode ser antônimo de si. Quando engana o ódio, que acredito a tudo possuir. Ódio e amor se amam por demais. Nunca vi dupla tão unida. Que mesmo numa guerra entre si, não se dá por vencida. E uma família grande o amor está sempre a possuir. São seus hipônimos, que não me deixam mentir. Podemos arriscar, sem medo de errar, alguns parentes do amor, que aqui vamos listar. Dor, que já falei antes, é um deles. Parente ingrato, que faz sofrer, mas na árvore genealógica do amor faz questão de permanecer. Outro bem conhecido, embora nem sempre aceito, é a traição, que joga fora o que o amor tem feito. Mas dele é um parente inseparável, porque quem se entrega ao amor, à traição está vulnerável. Outros familiares são mais chegados, como a confiança, o companheirismo, a admiração e o respeito ao ser amado. Como se vê, o amor está cercado de parentes diferentes, que entre si são conflitantes, mas também são interdependentes. Sem um, o valor do outro não seria reconhecido. Ainda bem que o amor é, em si, um forte. Senão já tinha perecido.
Comentários
Postar um comentário