Cada
dia me espanta mais
Até
onde vai a imaginação
De
alguém que não tem descanso
E
vive pensando em traição
José
das Flores é um homem
Muito
bom, até por demais
Mas
perde muito do seu tempo
Dando
trela ao Satanás
José
é cidadão de bem
Um
amigo muito do arretado
Temente
a Deus, mas tem um porém
Também
dá ouvidos ao Diabo
Veja
só que contradição
Um
homem muito ciumento
Que
até da sombra desconfia
Contratou
um garotão
Para
testar a fidelidade
De
sua esposa, Dona Sofia
Nesse
ponto culminante
Chegou
a coragem de José
Tirar
a prova dos nove
Ver
se a esposa é de fé
Pagou
caro ao rapaz
Dando
a desculpa
Que
ia ser seu capataz
O
rapaz achou estranha
Aquela
proposta enviesada
Mas
o trabalho era fácil
E
o dinheiro, uma baba
Aceitou
a tarefa
Que
José entregou-lhe na mão
E
passou a fazer o papel
De
um falso Ricardão
Dona
Sofia, esposa boa
De
beleza e de comportamento
Não
dava motivos para José
Ser
homem tão ciumento
Nem
percebeu que o capataz
Na
verdade era uma tentação
Orquestrada
pelo marido
Para
lhe levar a uma traição
O
capataz, muito galante
Começou
a cortejar Sofia
Que
no começo da empreitada
Fingia
que nada entendia
Mas
quando foi intuindo
Que
o jovem capataz
Estava
era se enxerindo
Foi
se queixar com o marido
Que
a gravidade da situação
Foi
logo diminuindo
José
defendeu o empregado
Disse
que Sofia via demais
Ela
até tentou argumentar
Mas
José a ouvir não estava mais
Aumentou
o som da TV
Para
fingir que aquele assunto
Não
tinha nada a se resolver
A
nobre Sofia respeitou
A
impaciência do marido
Afinal
o capataz
Não
representava perigo
Era
só um rapazinho
Muito
do metidinho
E
os anos foram passando
E
o capataz sempre se achegando
E
Sofia, que já tinha mais de 40
Agora
estava a gostar
E
nas qualidades do moço
Também
passou a reparar
Mas
José se convenceu, enfim
Depois
de anos a fio
Que
a sua querida Sofia
Era
mulher fiel, de muito brio
Mandou
embora o capataz
Mas
junto com ele Sofia
Foi-se
para não voltar mais
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