A MOSCA MORTA
Tereza,
uma jovem mulher
Sempre
vive a lamentar
Do
marido, um infeliz
Que
ela tem de aturar
O
dito é uma alma boa
Não
faz mal a ninguém
Mas
só tem iniciativa
Para
dormir, igual neném
Tereza
até reconhece
Que
ele é um cara legal
Mas
não dá para fingir
Essa
lerdeza total
José
parece que morreu
E
ainda não foi informado
Mas
mesmo que tivesse sido
Seria
capaz de perder a vez
De
entrar no outro lado
É
difícil acreditar que existe
Uma
pessoa nessa situação
Mas
Tereza pode garantir
Que
não é mentira, não
José,
uma mosca morta
Parece
mais uma assombração
Aposentado,
vive em casa
De
pijama e meia nos pés
Na
TV, só assiste àquilo
Que
não vale um conto de réis
A
barba é longa e branca
O
cabelo? Nem se fala!
Se
toparem com ele na rua
Vão
achar que é uma mortalha
Se
mesmo assim ele fosse
Uma
pessoa higiênica
Ainda
dava para aturar
Uma
criatura que não vive
E
apenas olha o tempo passar
Mas
José só toma banho
Quando
Tereza levanta a mão
E
ameaça espalhar que o marido
É
um tremendo de um cascão
Além
de cascudo e decadente
Tudo
o que José come
Só
o faz com dois dentes
Falta
de dinheiro não é
É
que não tem coragem
De
marcar um dentista
Vixe,
que homem demente!
Às
vezes fico pensando
O
que Tereza tanto vê
Nesse
telespectador de tevê
Que
assiste a tudo sentado
No
sofá, mofando
E
vendo tudo calado
Ontem
liguei para ela
Para
lhe questionar isso
Mas
Tereza tinha ido
Receber
a pensão do marido
A
aposentadoria de José
É
30 mil reais somente
Mas
não deve ser por isso
Que
Tereza o aguente
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