A viuvez

Essas quadrinhas que se seguem

São para qualquer idade

É sobre algumas dimensões

Da (in)desejada viuvidade

O termo é estranho

Mas logo vão se lembrar

É da tal da viúva

Que aqui eu vou falar

Fui buscar no dicionário

Uma boa definição

E acabei encontrando

Um monte de acepção

Ao conversar com algumas pessoas

Percebi uma geral visão

De que ser uma viúva

E ser uma velha sem tesão

Mas ao examinar direitinho

A vida aí afora

Constatei que a viúva

Não é apenas uma senhora

Existe viúva

De todo tipo e jeito

Gente sem-vergonha

E mulher de muito respeito

Regra geral a viúva

É a mulher que era casada

Mas o marido morreu

E a deixou enviuvada

Viúva também tem

Um sentido figurado

Trata-se de um sentimento

De quem está desconsolado

Viúva ainda é usada

Em outras situações

Que nada têm a ver

Com essas significações

Sob o nome de saudade

É usada na culinária

E na decoração

É nome de luminária

A viúva é conhecida

Em mais outra situação

Desta vez ela se mostra

Como uma locução

Quando se chama viúva branca

Sabe o que quer dizer?

É a mulher que se casou

Mas ficou virgem até morrer

E tem a de um tipo

Bastante popular

É a viúva alegre

Da qual todos gostam de falar

É aquela que não se abateu

Com a morte do marido

E se brincar até acha bom

Que a morte levou o seu querido

Tem uma perigosa

Que costuma até matar

É a viúva-negra

Que destrói qualquer lar

Assim como a morte

A viuvez é traiçoeira

Ninguém quer ver o parceiro

Vestir o paletó de madeira

O conselho que eu dou

É viver bem a sua história

Afinal a morte é apenas

Uma separação provisória

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Duelo com Satã

Quando a areia repousa no fundo do lago, cria-se a falsa sensação de que as coisas estão em paz. Nos seus devidos lugares. A questão é que a areia e a água do lago não são permanentes. A areia precisa de algo, de uma força que lhe é externa, ainda que dentro do lago, para lhe tirar do lugar. O lago, a seu turno, acomoda ou incomoda um ecossistema que lhe é natural, mas não é permanente. Sofre as ameaças dentro da sua concha e fora ela. O que importa, em um final que nunca termina, é que nada fica do mesmo jeito que sempre foi, ou que sempre é. O que vai em nossa alma também é assim. O documentário "Alma imoral", baseado no livro de Nilton Bonder, trata sobre essa impermanência. Essa oscilação que se move graças a tudo que transgride as regras. Ou tudo que transcende-as. Dá no mesmo, no final. Transgredir é transcender. A segunda pode parecer mais "católica", sim, é. Arrematada pela filosofia medieval, que se apropriou do Homem e de Deus. Em ambos os caminhos, revo...

No ritmo do mar

Os pensamentos guardam em si a mesma intermitência das ondas do mar. Ora voltam à calmaria, ora revoltam-se contra as pedras, ora nos quebram só para começarmos tudo de novo... E ainda bem que o mar é assim.

O riso

O riso é, sim, uma manifestação de alguém que está feliz. Mas é também desespero de alguém em aflição. Porque o riso tem essa característica de ser, em si, oposição. O riso é ainda um recurso de quem é pego de surpresa e, sem saber o que dizer, ri. Ri o riso dos fujões ou dos traídos pela falta de reação ao assalto de um argumento. O riso é, sim, autoritário. Impõe com uma cara engraçada uma inocente piada, que de nada disso tem. Tem pavor, rancor, preconceito. Mas o riso tudo abafa. E aparece, ali, sorrateiro e inconveniente. Senhor de sua presença. O riso é, sim, falta de assunto. Provocação e até irritação. Testa os nervos de quem vê em tudo um opositor. Testa também os nervos daquele professor. Que suporta, ou não, os risinhos quando tira os olhos do grupo. O riso, em suas variantes e sob todas as suas relatividades, é imprevisível. É um enigma. Porque nem todo riso é sincero. E quando falta a verdade, sobra aut...

Era uma vez...

Pesquisar este blog