Pular para o conteúdo principal

O meme de Charles e Luíza (não é aquela que estava no Canadá)



Cena 01 - Charles sempre está preocupado em caçar e pescar para abastecer a sua caverna. Gosta de tudo nos conformes. Comida fresca todo dia e também de fazer sexo com sua esposa. O que ele não suporta é quando ela, Luíza, resolve ter vontade própria e sair da caverna sem a sua permissão. Charles tem coração bom, mas Luíza abusa disso. Certa vez, Charles teve que protagonizar uma cena que para sempre ficou gravada na mente da humanidade. Mas quem mandou Luíza desobedecê-lo? Só lhe restou arrastá-la pelos cabelos para mostrar o caminho de casa, ou melhor, da caverna. Mas Charles tem um coração bom. Luíza é que não entende.

Cena 02 - Quantas vezes Charles tem que explicar para Luíza que ela não saia de casa sem avisá-lo? Quando se casaram, há cinco anos, ele exigiu: Luíza deveria pedir demissão do emprego, o salão de beleza no qual era manicure. E das boas. Mas Luíza deixou as clientes na mão e atendeu ao pedido de Charles. Pedido com cara de ordem, diga-se de passagem. O que Charles achou que ela entenderia é que ele seria o seu dono. Mas Luíza não entendeu. Vez ou outra ela sai para dar umas voltas. Da última feita, Luíza foi à sorveteria encontrar umas amigas. Charles ficou sabendo quando chegava em casa, antes de abrir o portão. O vizinho contou. Não teve dúvida: foi até a sorveteria e puxou Luíza pelo braço. Charles tem um coração bom. Luíza é que não entende.

Cena 03 - Charles discutiu inúmeras vezes com Luíza. Irrita-o profundamente essa mania dela de independência. Com ele isso não cola. Mas Luíza não entendia. Ela criou coragem e deu um ultimato: ou ele mudava, ou ela iria embora. Charles riu daquela proposta. Disse que embora estivéssemos em 2012 ele não ia mudar. Iria agir como na época em que eles moravam na caverna. Tempo ruim aquele. Sem ar condicionado, sem transporte público, mas Charles gostava porque Luíza era mais obediente. Charles duvidou da promessa da esposa, mas cometeu um grande erro. Luíza resolveu aceitar a proposta do amante, com o qual já estava há oito meses, e fugiu com ele para uma cidade do interior. Charles, tão valente, não conseguiu fazer nada. Só chorou enquanto a esposa ia embora e ainda acenava com um tchauzinho. Charles ficou falado na vizinhança. Ele devia voltar para a caverna.
Marcadores:

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Duelo com Satã

Quando a areia repousa no fundo do lago, cria-se a falsa sensação de que as coisas estão em paz. Nos seus devidos lugares. A questão é que a areia e a água do lago não são permanentes. A areia precisa de algo, de uma força que lhe é externa, ainda que dentro do lago, para lhe tirar do lugar. O lago, a seu turno, acomoda ou incomoda um ecossistema que lhe é natural, mas não é permanente. Sofre as ameaças dentro da sua concha e fora ela. O que importa, em um final que nunca termina, é que nada fica do mesmo jeito que sempre foi, ou que sempre é. O que vai em nossa alma também é assim. O documentário "Alma imoral", baseado no livro de Nilton Bonder, trata sobre essa impermanência. Essa oscilação que se move graças a tudo que transgride as regras. Ou tudo que transcende-as. Dá no mesmo, no final. Transgredir é transcender. A segunda pode parecer mais "católica", sim, é. Arrematada pela filosofia medieval, que se apropriou do Homem e de Deus. Em ambos os caminhos, revo...
Postar um comentário
Leia mais

No ritmo do mar

Os pensamentos guardam em si a mesma intermitência das ondas do mar. Ora voltam à calmaria, ora revoltam-se contra as pedras, ora nos quebram só para começarmos tudo de novo... E ainda bem que o mar é assim.
Postar um comentário
Leia mais

O riso

O riso é, sim, uma manifestação de alguém que está feliz. Mas é também desespero de alguém em aflição. Porque o riso tem essa característica de ser, em si, oposição. O riso é ainda um recurso de quem é pego de surpresa e, sem saber o que dizer, ri. Ri o riso dos fujões ou dos traídos pela falta de reação ao assalto de um argumento. O riso é, sim, autoritário. Impõe com uma cara engraçada uma inocente piada, que de nada disso tem. Tem pavor, rancor, preconceito. Mas o riso tudo abafa. E aparece, ali, sorrateiro e inconveniente.  Senhor de sua presença. O riso é, sim, falta de assunto. Provocação e até irritação. Testa os nervos de quem vê em tudo um opositor. Testa também os nervos daquele professor. Que suporta, ou não, os risinhos quando tira os olhos do grupo. O riso, em suas variantes e sob todas as suas relatividades, é imprevisível. É um enigma. Porque nem todo riso é sincero. E quando falta a verdade, sobra aut...
Postar um comentário
Leia mais