Pular para o conteúdo principal

Meus pêsames



Neste momento difícil, a gente não tem palavras para dizer. Fica difícil achar aquelas que poderiam aliviar o sofrimento, mas eu lhe digo, sinceramente, que o tempo tudo cura. E quando digo fico aliviada porque o difícil dos pêsames é começar a falar com o coitado que se desmancha em lágrimas. Você pensa que aquele momento vai durar uma eternidade. Mas, além do tempo, é preciso ter paciência para ver os minutos, as horas, os dias, os meses e os anos passarem. Porque nada pior do que o tempo que se arrasta e parece que se esqueceu da gente.
Mas, não é só o tempo que vai se esquecer de você por um bom tempo. Os amigos também. Exceto aqueles sinceros amigos, que se conta com apenas um dedo. Os outros, que estão mais para pseudo, vão sumir. Na verdade eles não somem, desaparecem. E fazem isso porque você é quem some da vida por um tempo. Tempo longo demais para quem gosta de tomar cachaça no final de semana e não tem saco para escutar lamúria de algum desafortunado que perdeu um ente querido, ou foi abandonado pelo amor de sua vida.
A vida é assim mesmo, muitos dizem no dia do enterro ou no dia em que você finalmente concordou em assinar o divórcio. Também falam que a vida segue em frente. Saindo dali, do cemitério ou do fórum, eles, que foram te dar uma força, vão seguir a vida que espera por eles e você fica ali, com o vazio e as promessas de que tudo vai melhorar, embora possa demorar muito. ‘Ainda bem que tenho amigos’, pensa o sujeito.
Só que com o passar dos dias, se o desconsolado enxergar que não tinha tantos amigos assim quanto pensava, a tristeza vai aumentando mais. A não ser que ele dê a volta por cima, baste-se a si e que se danem aqueles que foram embora sem deixar rastro. Até o companheiro ou companheira que pediu o divórcio. Do ente querido eu deixo quieto, porque pode ser pai ou mãe e com isso não se brinca. Mas, como eu ia dizendo, pelo menos essa fase aparentemente ruim vai lhe render uma boa lição: não pense que tem muitos amigos. Deixe para fazer essa lista depois que uma tempestade lhe bater à porta.
E não faça como os que lhe esqueceram por um par de anos quando alguém do seu círculo de amizades experimentar um desgosto. Vá lá, preste sua condolência e não suma. Afinal, para que servem os amigos, não é mesmo? 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

José, um homem de fé

José tava de dar dó Sol quente na moleira Na garganta, aquele nó Capinando e pensando Onde estará a minha Filó? Filomena é o nome Da esposa de José Que arrumou outro homem E do sítio deu no pé Mesmo levando o fora Sendo por ela humilhado Virando motivo de chacota José gritou 'tão perdoado' Mas Filó já estava longe Na charrete do amante Nem escutou o apelo Do marido vacilante E então José passou A levar a vida à toa Capinava no sítio Fizesse sol ou garoa Na esperança de um dia Filomena retornar E dizer: 'voltei, José' Ao regaço do nosso lar Mas já diz o ditado Quem come se lambuza E Filomena tem olhos De invejar a Medusa O amante é homem bonito Rico, inteligente e educado Que mulher não o preferiria A um marido aloprado? Quando Filó bateu o olho No seu futuro affair Pensou 'é com esse!' Que daqui eu dou no pé José nem desconfiava Da tempestade que se formava Só tinha olhos pro sítio E pros bois que comprava

No velório de Aldemar, todo mundo tem o que falar

No velório de Aldemar, só a vela fica em silêncio... A casa de Aldemar estava cheia. Mas sempre vivia assim quando ele ainda respirava. Agora ele estava ali, naquele caixão com a portinha de vidro mostrando-lhe o rosto sereno. Talvez esse fosse o último dia em que aquela casa via muita gente. Aldemar era bem conhecido, não necessariamente querido, mas bem popular no sentido de ser uma pessoa do conhecimento de todos. Perto dali, ainda na sala, os cochichos: - Soube que ele tinha outra mulher e até teve um filho com ela. - E eles vêm para o enterro? - Não sei. Acho que a família oficial não iria querer, né? - Mas a esposa sabe? - Essas coisas... Acho que sempre sabe. No terraço, mais comentários: - Parece que ele devia a um agiota. Bronca grande! - É mesmo? E agora? Porque agiota nunca quer perder... - Acho que a família vai ter de pagar. - Mas eles sabem da dívida? - Não sei. Certamente a esposa sabe. Difícil não saber. Na frente da casa: - Dissera

AMOR LONGE

Não tem coisa mais frustrante Do que namorar de longe Um lá e outro aqui Que nem freira e monge Dizem que a distância aumenta No coração a saudade Mas se você tem urgência Tem que sair da cidade Numa situação dessa É aconselhável pensar Viver junto daria certo? Melhor não especular Já diz um velho ditado Quem casa, quer casa Mas nos tempos de hoje Quem casa, descasa! Porém não quero que pensem Que sou contra o casamento Dormir junto é muito bom Mas pode ser só momento Se você não escolher bem Com esse tormento convive E pra quem namora de longe Disso já está livre Mas livre não está Quando a carência bater O jeito é apelar Pra internet resolver Pela web se conversa Por texto, vídeo e áudio Riem, brigam e choram Depois, cada um pro seu lado Mas também é vantagem Viver um amor assim Aparecem outras pessoas Pra aliviar a fase ruim Agora vamos ser justos Não é legal enganar Se alguém é só um escap