Quando grandes tragédias acontecem, ou mesmo quando perdemos
uma pessoa querida no seio da nossa família, assaltam a nossa mente os
pensamentos clichês “não somos nada”, “não sabemos de nada”, “a vida é breve”.
Fazendo uma reflexão sobre essa brevidade da vida e do que fazemos dela, chego
a uma opinião, bem pessoal, que a vida não é breve, nós é que somos breves.
Somos breves quando perdemos o tempo precioso que temos aqui nesta vida, não
importando se acreditamos ou não numa vida vindoura, em reencarnação,
ressurreição, ou o que for.
E geralmente os escorregões morais são os fatores que mais
nos roubam o breve tempo que temos, ou melhor, que o tornam inútil. Somos
breves quando nos comprazemos da desgraça dos outros, somos breves quando
tentamos minar o caminho de quem pensamos ser o adversário, somos breves quando
procuramos matar no outro a vontade de andar de cabeça erguida.
Mas também há os pequenos escorregões, nem tão graves assim,
que dão brevidade ao nosso tempo. Somos breves quando não telefonamos para
aquele familiar geograficamente distante e perguntamos: “Como vai?”. Somos
breves quando nos reunimos no seio da família quando algum parente morre. E
sempre comentamos: “Não somos nada”. Realmente não somos nada e somos tudo. Nada
porque estamos submetidos a toda uma lógica humana que nos torna frágeis. E
somos tudo porque o que nos move todos os dias, o que torna nossas ações
grandes é maior do que a carne. É o nosso sopro de vida. O sopro que nos torna
eternos mesmo quando não estamos mais presentes.
Todos temos uma assinatura pessoal construída pelo nosso
comportamento. Tem gente alegre por natureza, a despeito das coisas andarem
mal. Tem gente que só enxerga o lado negativo, mesmo quando as coisas estão indo
relativamente bem. Tem gente que só foca a própria vaidade. E há aqueles que
chegam até a se anular em prol do outro. Mas o que é ser bom? A melhor receita
é simples, justa e difícil: façamos aos outros o que gostaríamos que nos
fizessem. Isso já seria um bom começo e tornaria a vida menos breve. Como disse
Sêneca, pensador do Império Romano: “Não temos uma vida breve, mas fazemos com
que seja assim”.
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