João e Pedro estavam há horas naquele cemitério. Gostavam de cemitérios. O silêncio, o mistério e aquele clima convidativamente sinistro. Pedro quebrou o silêncio:
- Percebe como são os fantasmas?
- Fantasmas? Não existem! - respondeu João.
- Existem, sim. Não o vemos, mas as crianças os veem...
Ateu, João não se deixava impressionar:
- Olha, nem adianta querer me botar medo. Não tenho medo de fantasmas porque eles não existem. E mesmo se existissem, não teria também. – João queria pôr um fim naquela conversa.
- E porque você gosta de cemitérios? – insistiu Pedro.
- Pelo mesmo motivo que você. Gosto de silêncio.
- Eu gosto de fantasmas também.
João desistiu de desviar do assunto e resolveu ver até onde aquilo ia:
- Você vê fantasmas, Pedro?
- Não. Vejo crianças.
- Aqui?
- Sim. Mas não tenha medo. Elas assombraram os fantasmas e por isso eles não estão aqui.
Mesmo contrariado, João continuou a contemplar o silêncio do cemitério.
Pedro se divertia com o barulho alegre daquelas crianças.
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