Aquela manhã de maio, fria, chuva castigando a cidade, e Sherlock estava incansável. Chafurdava lixeiros, examinava objetos esquecidos nas praças e ruelas da cidade em busca de alguma pista. Nada. O tédio o castigava naquele dia.
Sherlock não suporta tédio, não aguenta viver sem um propósito, sem sentir o sangue ferver diante de um intrigante fato, mesmo que dê em água. Até que no final de uma rua sem saída (sim, vale tudo para Sherlock!), achou um papel dobrado. Chamou-lhe atenção o fato do papel estar simetricamente dobrado, duas dobras, que conferia à folha oito quadrantes. Quatro de um lado e quatro de outro.
Abriu com o olhar perscrutador, investigativo, que lhe é característico. O papel não estava molhado. Fora jogado, ou colocado, embaixo de uma marquise, que lhe abrigava do temporal. A pequena 'prova', ou candidata à prova, estava escrita em um dos seus lados. Um texto só, em tópicos, que dizia assim:
Ninguém sabe
Todo mundo sabe
Todo mundo sabe que ninguém sabe
Todo mundo sabe que ninguém sabe tudo
Todos sabem que todos são incompletos
Alguns não sabem que são incompletos
Sherlock estava absorto em seus pensamentos, tentando decifrar ao que para ele eram premissas lógicas, quando uma voz quebrou sua concentração:
- Sherlock! E aí, vai fazer uma fezinha hoje?
O nosso Sherlock é Sherlock Firmino da Silva. Autônomo. O nome foi resultado da admiração do seu pai pela obra de Arthur Conan Doyle, criador das histórias de Sherlock Holmes. O Sherlock que se arrisca na chuva à procura de evidências incorporou a identidade dessa figura da literatura criminal britânica. Mas bem que ele poderia ter decifrado essa mensagem...
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