Drummond vinha andando na rua meio desconfiado. Mãos nos bolsos. Voltava da escola. Mochila nas costas. O tio a observá-lo sentado no batente do terraço de casa. O tio implicava com ele. Na verdade, é um tio meio irmão, meio primo. Pouca diferença de idade. Drummond tem dez anos. O tio, 16. Dessas famílias que começam cedo a desligar a televisão! Ao chegar em casa, no batente do terraço, o tio já o importuna: - Que cara é essa, Dru? - A mesma de sempre. - Nada disso! Aprontasse algo, não foi? Tá estranho. - Estranho nada. - E essas mãos nos bolsos? O que tem aí? - Aqui... nada. - Tem sim alguma coisa! Tira pra eu ver. - Para! Tanto o tio fez e, na verdade, como tinha natural supremacia física, revistou o sobrinho, conseguindo tirar do seu bolso esquerdo um bilhete. - Ah! Achei o seu mistério! - Devolve isso! Não é seu! - E é de quem? O que você esconde? - Perguntou o tio, segurando o papel como se fosse um troféu, ainda sem abri-lo. - ...